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Mais uma face do terror - armas químicas e biológicas Parte II |
Fonte - veja As armas biológicas são microorganismos que causam doenças mortais ou incapacitantes. Podem ser também toxinas extraídas de animais e plantas ou sintetizadas em laboratório. O primeiro e único país a usá-las foi o Japão, na guerra contra a China, nos anos 30. O Exército japonês tinha até uma divisão especializada nesse tipo de recurso, a Unidade 731, que lançava mão de expedientes traiçoeiros. Numa ocasião, 3.000 prisioneiros chineses foram libertados sem mais nem menos. Era uma armadilha. Antes de saírem da prisão, eles haviam sido infectados com a bactéria da febre tifóide, o que acabou ocasionando uma epidemia na China. Em 1942, o governo japonês fez chegar à província chinesa de Nanquim uma partida de chocolates contaminados com anthrax, a mais temida das armas biológicas (veja quadro acima). Até hoje, não há registro de ataques desse tipo perpetrados por terroristas. |
ESTADO
TERRORISTA |
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Os
compostos empregados nas armas químicas não são difíceis de ser
criados. Mas para causar mortes em larga escala seriam necessárias
enormes quantidades de substâncias. Um estudo divulgado na semana
passada, em Washington, mostra que terroristas levariam dezoito anos de
trabalho ininterrupto para produzir artesanalmente 2 toneladas de sarin,
quantidade mínima para matar 10.000 pessoas. Eles também encontrariam
muita dificuldade na hora de espalhar gases letais e afins. Lançá-los de
um avião pulverizador de inseticida acarretaria a perda de cerca de 90%
do veneno, em virtude da dispersão pelo vento e de outros fatores
ambientais. Para provocar a morte de milhares de pessoas, é necessário
ter bombas especialmente desenvolvidas para esse fim e uma esquadrilha de
aviões para atirá-las. Com as armas biológicas ocorre o oposto. Bactérias
e vírus colocados na caixa-d'água de um prédio ou no reservatório de
uma cidade podem acarretar milhares de mortes. Também é simples
espargi-los com pequenos aviões. Produzir microorganismos em laboratório,
no entanto, é complicadíssimo. A seita Aum Shinrikyo, responsável pelo
atentado com sarin no metrô de Tóquio, fabricou o gás ela própria, já
que contava com vários cientistas entre seus seguidores. Os fanáticos
japoneses, no entanto, não foram capazes de criar armas biológicas,
embora tivessem feito várias tentativas.
O grande perigo, assim, é aquele que foi levantado pelo vice-secretário de Defesa dos Estados Unidos, Paul Wolfowitz, durante uma reunião da Otan na quarta-feira passada: que algum país que apóie o terrorismo municie grupos extremistas. Na época da Guerra do Golfo, a CIA avaliava que o Iraque do ditador Saddam Hussein possuía em torno de 150 toneladas de sarin e 400 toneladas de gás mostarda, além de mísseis desenvolvidos especialmente para lançá-los contra alvos militares e civis. Grande parte desse arsenal foi destruída nos bombardeios americanos, mas existe a suspeita de que os iraquianos tenham voltado a fabricar essas substâncias. Outro dado preocupante é o estoque de armas biológicas ainda existente na Rússia e em ex-repúblicas soviéticas. Sabe-se que os comunistas produziram quantidades formidáveis de anthrax. Em um de seus laboratórios, localizado em Sverdlovsk (hoje Ekaterinburgo), houve um acidente em 1979 que matou pelo menos 68 pessoas. Estima-se que a União Soviética tenha produzido, durante a Guerra Fria, algo em torno de 350.000 toneladas de agentes químicos e biológicos, contra 40.000 dos Estados Unidos. É impossível saber com certeza quanto desse arsenal foi desativado. Em mãos erradas, tais armas poderiam engendrar pesadelos tão traumatizantes quanto a tragédia de 11 de setembro. |
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