Alzheimer

Lesões sérias na cabeça aumentam risco de mal de Alzheimer

Original em - Terra - 24 de outubro de 2000
O acompanhamento de soldados que lutaram na II Guerra Mundial mostrou que os que sofreram golpes ou ferimentos sérios na cabeça tinham duas vezes mais possibilidades de desenvolver uma forma de demência, como o mal de Alzheimer, segundo estudo publicado hoje na revista Neurology.

Nos soldados que tiveram traumatismos mais graves, sendo hospitalizados por isso ou que estiveram inconscientes ou amnésicos durante 24 horas, o risco se multiplicou por quatro, precisam os responsáveis pela pesquisa, da Universidade Duke. Eles estudaram as histórias médicas dos grupos em questão, redigidas durante a guerra, tendo sido acompanhados 548 ex-combatentes feridos na cabeça e 1.228 feridos em outros locais, que voltaram a ser examinados entre 1996 e 1997.

Os motivos pelos quais um traumatismo leva à demência não são conhecidos, destacam os autores, mas precisam que o estudo refere-se a grandes traumatismos cranianos e não aos que ocorrem na prática de esportes, por exemplo. Nos Estados Unidos, entre 1,5 a 2 milhões de pessoas sofrem de lesões na cabeça anualmente enquanto que 4 milhões são afetadas pela doença de Alzheimer.

A prevenção é fundamental no Mal de Alzheimer

Atualmente, a doença é diagnosticada em sua fase de demência, quando as lesões cerebrais já são irreversíveis

Paris (AFP) - Pouco conhecido, mal diagnosticado e geralmente tratado incorretamente, o mal de Alzheimer se tornou um grave problema para os países ocidentais, que registram um grande aumento no número de casos, com o envelhecimento global da população. Na quinta-feira, Dia Mundial de combate à doença, os médicos alertam: a prevenção é fundamental.

A ciência descobriu há pouco tempo uma pequena esperança para um futuro próximo: graças ao desenvolvimento de novos medicamentos, e talvez de uma vacina, os neurologistas esperam poder impedir o desenvolvimento da doença, e até atuar antes que ela apareça. "É quando as lesões cerebrais ainda são pouco importantes e os déficits neuropsicológicos menores que os medicamentos destinados a frear o processo patológico têm maiores possibilidades de eficácia", explicou na terça-feira o professor Bruno Dubois, neurologista do hospital Pitié-Salpétrière de Paris.

Atualmente, os esforços são feitos principalmente na tentativa de frear os sintomas na fase adiantada da doença. Mas os avanços na pesquisa científica modificam completamente o contexto desta patologia e indicam um tratamento cada vez mais precoce, disse Dubois.

Quando a doença se estende cada vez mais, se estima que só a metade dos casos são diagnosticados, "porque os pacientes negam suas próprias dificuldades, seus parentes as minimizam e o corpo médico ainda está insuficientemente formado", disse.

Na França, há atualmente mais de 350.000 casos do mal de Alzheimer, 35.000 deles em pessoas de menos de 60 anos. Segundo o professor Dubois, o caso mais precoce registrado na França é o de uma mulher de 28 anos.

Esta doença é resultado da degeneração do sistema nervoso central, que aparece em geral depois dos 60 anos de idade. É a causa mais freqüente da síndrome da demência (60 a 70%). Os estudos sobre a doença avançaram bastante nos últimos dez anos.

A doença começa a se manifestar através de problemas de memória, que durante muito tempo foram subestimados e atribuídos erroneamente ao envelhecimento normal. Atualmente, a doença é diagnosticada em sua fase de demência, ou seja, quando as lesões cerebrais já são irreversíveis, pois os medicamentos só atuam sobre os sintomas.

"No entanto, o corpo médico vai dispor em breve de medicamentos que permitirão tornar mais lento o processo patológico. É, pois, indispensável que seja feito o diagnóstico precoce da doença, na fase em que as lesões cerebrais ainda são pouco importantes e os déficits neuropsicológicos menores, ou seja, antes da instalação da doença", disse Dubois. Segundo os especialistas, essas lesões aparecem muito rápido nos pacientes, provavelamente vinte anos antes do avanço clínico da doença.

Sinais de alerta que advertem para a chegada da doença

Estão em situação de risco pessoas que deixaram de saber coisas simples

Paris (AFP) - Muitos médicos se deparam ainda com o mal de Alzheimer sem reconhecê-lo, mas há alguns meses os especialistas definiram uma série de sinais de alerta simples, que permitem avaliar o estado de gravidade dos pacientes que o sofrem e inclusive identificar os que vão sofrê-lo em curto prazo.

Estão em situação de risco as pessoas que deixaram de saber utilizar um telefone, embarcar nos transportes públicos ou dirigir sozinhas um automóvel, as que se tornam incapazes de seguir um tratamento médico ou de administrar seu orçamento diário.

Preparada a partir de um estudo epidemiológico realizado em cerca de 10.000 indivíduos normais, esta "escala" permite identificar as pessoas que apresentam uma demência ainda não diagnosticada ou que vão desenvolver essa demência dentro de um ano.

"Na medida em que a demência é definida como um conjunto de transtornos cognitivos bastante severos para ter repercussões sobre sua autonomia, não é surpreendente que a atividade cotidiana de um paciente, avaliada mediante uma escala específica, reflita um problema de demência presente, mas desdenhado, ou uma demência a ponto de surgir", explicou o professor Bruno Dubois, neurologista do hospital da Pitié-Salpétrière de Paris.

Atualizado em 22/9/00 21:58

Vacina contra mal de Alzheimer parece segura em teste com humanos

WASHINGTON (CNN) -- Uma vacina experimental criada para combater o mal de Alzheimer aparentemente é segura para ser usada por seres humanos. Cientistas da Elan Pharmaceuticals divulgaram na terça-feira o resultado de suas pesquisas no Congresso Mundial de Mal de Alzheimer. Os testes, que estão na fase um, quando se verifica a segurança do medicamento, foram animadores.

"Nos Estados Unidos, temos feito estudos com doses únicas e eles estão quase completos e até agora as coisas correram tremendamente bem, não encontramos qualquer problema nos pacientes de mal de Alzheimer", disse o Dr. Dale Schenk, vice-presidente de pesquisa na Elan Pharmaceuticals à CNN Medical News.

"Até o fim do ano, esperamos tirar conclusões significativas desses estudos na fase um, então em algum momento de 2001 poderemos iniciar os estudos cruciais para ver como a vacina está funcionando."

Os atuais testes de segurança acontecem nos EUA e na Grã-Bretanha. Quando eles estiverem completos, serão ampliados para incluir centenas de pacientes em várias instituições médicas.

"Considerando que tudo corra bem, a vacina não vai apenas combater o mal de Alzheimer, mas também preveni-lo, ela vai mudar completamente a cara da terapia para essa doença para sempre, se funcionar", disse o Dr. Ivan Lieberburg, representante médico da Elan Corporation.

Um ano atrás, os pesquisadores da Elan registraram resultados destacados da vacina em ratos. Ratos imunizados durante a juventude ficaram protegidos contra o mal de Alzheimer. Em animais que já tinham a doença, ela foi contida e em alguns casos, até revertida.

"O nível de redução da patologia cerebral é realmente destacável, chegou a 99 por cento em animais tratados com essa vacina", disse Schenk.

Duas outras equipes de pesquisa verificaram os promissores resultados das vacinas da Elan em ratos durante o congresso. Eles levaram o trabalho um passo adiante e mostraram que a vacina produz também melhoras de comportamento.

Os pesquisadores do Brigham e o Women's Hospital relataram resultados animadores com uma vacina semelhante, administrada por via nasal. "Há uma diminuição entre 50 e 60 por cento na quantidade de placas amilóides e na quantidade de proteínas a-beta no cérebro dos ratos que receberam o tratamento nasal crônico", disse o relatório dos dois hospitais.

Embora ainda leve tempo para se verificar os mesmos resultados em seres humanos, outros pesquisadores dizem que os resultados dos testes de segurança são animadores.

"Eu acho que a hipótese de uma vacina de imunização é muito excitante", disse o Dr. Ronald Peterson, da Mayo Clinic. "Há muito trabalho a ser feito em relação a segurança, efetividade, se vai ou não funcionar em seres humanos como funciona nos ratos, mas, mesmo assim, a hipótese ainda é muito interessante pela chance de prevenção da doença"

As vacinas são criadas para atacar as características placas cerebrais do mal de Alzheimer. Ainda há discussões sobre se as placas amilóides são a causa da degeneração mental causada pelo mal de Alzheimer.

A conclusão final dos estudos da vacina em seres humanos pode tanto comprovar quanto derrubar a teoria das placas amilóides como causa da doença.

Cientistas buscam primeiros sinais na corrida contra uma temida epidemia de Alzheimer

WASHINGTON -- O número de casos de mal de Alzheimer está aumentando tão rapidamente que mais de 22 milhões de pessoas serão afetadas até 2025, advertiram, no domingo, os especialistas que buscam os primeiros sintomas da doença e meios de proteger o cérebro das pessoas.

Os médicos já sabem que 12 por cento de quem apresenta um leve problema de memória, algumas vezes surgido dez anos antes e confundido com o envelhecimento normal, degenerarão em demência verdadeira, característica da doença.

Essa "leve disfunção cognitiva" é um passo para o Alzheimer, afirmou dr. Ronald Petersen, da Mayo Clinic, perante o maior encontro mundial sobre a doença. Agora, o desafio é poder prever quem desenvolverá a doença, que afeta atualmente 4 milhões de pessoas, apenas nos Estados Unidos.

Os cientistas não sabem o que causa os depósitos no cérebro que matam as células nervosas até a memória se desintegrar e, finalmente, o paciente morrer. Estudam-se várias hipóteses, como predisposição genética, lesões na cabeça, hipertensão. O mal não tem cura.

As pessoas mais educadas parecem ter menos risco de Alzheimer. Um estudo apresentado no domingo sobre gêmeos suecos, um com a doença e outro sadio, sugere que o hábito da leitura, como criança e adulto, pode ser um fator de proteção.

Mas o maior risco é mesmo a idade: os casos de Alzheimer duplicam a cada cinco anos na faixa etária entre 65 e 85. Com o envelhecimento da população, os especialistas alertam para uma iminente epidemia mundial.

"Se não encontrarmos uma cura, mais de 22 milhões de pessoas terão a doença dentro de 25 anos," disse Edward Truschke, presidente da Alzheimer's Association.

As projeções para 2050 são ainda piores, com 45 milhões de pessoas com a doença, que rivalizará com o câncer, disse dr. Robert Katzman, da Universidade da Califórnia, em San Diego.

Todo mundo tem ocasionalmente lapsos de memória. A perda de memória no início da doença é muito mais grave, afetando a capacidade de trabalho e provocando problemas de linguagem e julgamento. A disfunção cognitiva leve, chamada de MCI, fica entre o esquecimento normal e Alzheimer.

Petersen relatou no domingo que pessoas com MCI tinham problemas com memória visual. Apresentadas a um desenho, por exemplo, têm menos probabilidade de lembrar disse mais tarde do que as pessoas da mesma idade.

Disse que, por ano, 12 por cento de quem sofre MCI desenvolve o mal de Alzheimer, comparados com apenas um a dois por cento dos idosos normais que são diagnosticados com a doença.

Um fator relevante é o tamanho do hipocampo, uma região do cérebro importante para o aprendizado e memória. Nas pessoas com hipocampo de tamanho normal, medido por ressonância magnética, a doença se desenvolve mais devagar do que nas que têm hipocampo atrofiado na hora do diagnóstico, disse Petersen.

Estão em andamento cinco estudos envolvendo 4.000 pacientes em todo o mundo visando descobrir se o uso de drogas contra Alzheimer ou outras substâncias como vitamina E podem evitar, ou desacelerar, a progressão do MCI. Os resultados deverão surgir no início de 2002, disse Petersen.

Sites Relacionados:

Mayo Clinic Health Oasis: Information on Cancer - Alzheimer's Disease - Heart Disease and more
Alzheimer's Association
University of California, San Diego

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