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Grande
quantidade de vapor d'água em torno de estrela Descoberta
inesperada é atribuída a volatilização de cometas em órbita do astro |
Fonte - Ciência Hoje A
detecção de uma grande quantidade de vapor d'água em torno de uma
estrela pode ser o primeiro indício da substância em um sistema planetário
extra-solar. O responsável pela descoberta foi um satélite lançado em
dezembro de 1998 pela agência espacial norte-americana (Nasa) e
manipulado por um grupo de cientistas alemães e americanos. Os
pesquisadores não esperavam encontrar vapor d'água em torno da estrela
em questão, e acreditam que sua existência possa ser explicada pela
volatilização da superfície de cometas que estariam em órbita do
astro. A descoberta foi relatada em 12 de julho na revista Nature. Os pesquisadores do Centro de Astrofísica de Cambridge (EUA) notaram a presença de vapor d'água em torno da estrela designada por eles de IRC+ 10216, também conhecida como CW Leonis. |
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Situada a 500 anos-luz da
Terra na direção da constelação de Leão, ela é uma estrela gigante
na qual a concentração de átomos de carbono é maior que a de oxigênio.
Em astros desse tipo, espera-se que os átomos de oxigênio se liguem
aos de carbono para formar monóxido de carbono. Com isso, não
sobrariam muitos átomos de oxigênio para se ligar a dois outros de
hidrogênio e compor uma molécula de água. Os
cientistas atribuem a constatação de vapor d'água em torno dessa
estrela à existência de cometas. A água seria vaporizada pela superfície
dos cometas (compostos sobretudo por gelo) em órbita dessa estrela.
Segundo Martín Makler, doutorando em cosmologia pelo Centro Brasileiro
de Pesquisas Físicas (CBPF), é importante ressaltar que, ao contrário
do que ocorre na atmosfera terrestre, o gelo no espaço é transformado
diretamente em vapor, sem passar pelo estado líquido. Cometas
são compostos de 'gelo sujo', ou seja, água misturada com outros
elementos como carbono e silício. Eles surgem da condensação desses
elementos no disco de poeira e gás que envolve todo o sistema solar e são
formados nas partes mais distantes e frias desse sistema. "Eles são
considerados os corpos mais primitivos do Sistema Solar por não
sofrerem alteração em sua composição inicial", diz Daniela
Lazzaro, pesquisadora-doutora do Observatório Nacional. A
grande novidade dessa descoberta não foi a presença de água no espaço,
que já havia sido constatada antes. O que surpreendeu foi a quantidade
de vapor d'água encontrada em torno da estrela. Além de celebrarem a
descoberta e justificarem o investimento no satélite, os pesquisadores
estrangeiros enxergam na estrela IRC+ 10216, mais velha que o Sol, um
retrato do futuro de nosso Sistema Solar. Segundo
Daniela Lazzaro, toda estrela tem várias formas antes de evoluir e
'morrer'. "Quando uma estrela envelhece, seu núcleo se aquece e
inicia a queima de hélio em seu envoltório, e lentamente ela se
expande", explica. O Sol passará pelo mesmo processo de
superaquecimento. Para a pesquisadora, não devemos sofrer por antecipação,
pois isso deve acontecer daqui a cerca de 10 bilhões de anos. "A
vida na Terra certamente não vai existir mais." |