Um bem raro

Água doce está ficando cada vez mais escassa no mundo

Fonte - Ciência Hoje

Quem não gosta de chegar em casa em um dia quente e tomar um copo de água gelada seguido por um bom e longo banho? Ou de entrar em um lava-a-jato com o carro imundo, ver a água jorrando de todos os lados e sair com ele limpinho poucos minutos depois? A água, um elemento fundamental para a vida humana, é utilizada em abundância na nossa sociedade. No entanto, enquanto você se ensaboa com o chuveiro ligado, um dos mais preciosos recursos naturais vai literalmente embora pelo ralo. Três quartos do chamado 'planeta água' são cobertos pelo líquido. Desse total, só 2,75% correspondem a água doce, dos quais apenas 22% podem ser utilizados. Ou seja, dos alardeados três quartos, o homem tem a sua disposição somente 0,6%. O resto da água doce está congelada nas calotas polares, em neves eternas ou se encontra em lugares inacessíveis. 

Os números relativos ao Brasil mostram um panorama a primeira vista bastante confortável: 15% dos tais 0,6% estão no país. Mas não pense que isso vá garantir seu banho de 20 minutos. Dos nossos 15%, quase três quartos se encontram na região Norte, onde a concentração populacional é muito menor.

Ainda assim, é muita água. Mas essa água é tratada com descaso em todo o planeta, inclusive no Brasil. Não há consciência de que, embora esse recurso seja renovável, ele não é inesgotável. O despejo desordenado de esgoto, o consumo excessivo, a perda no fornecimento, o desperdício na indústria e na agricultura são apenas alguns dos fatores que fazem com que a Organização das Nações Unidas preveja uma situação crítica para 2025, quando estima-se que dois terços da população mundial viverão em condições de escassez de água.

Assim, a crise da água eclodiria antes e teria conseqüências mais graves que a tão falada crise do petróleo. Previsões alarmantes sobre a escassez do recurso não faltam. "A crise já começou", diz a ecóloga Ana Lúcia Brandimarte, da Universidade de São Paulo (USP). "Muitas cidades brasileiras já submetem seus habitantes ao rodízio." Alguns pesquisadores, no entanto, adotam uma postura menos alarmista. "Não há crise", defende o geólogo Uriel Duarte, também da USP. "Só é preciso cuidar do recurso."

Em todo caso, o consenso é que estamos caminhando para um panorama de escassez cada vez maior. Fóruns mundiais têm sido organizados para discutir o problema e buscar saídas. Em alguns países, a dessalinização já é uma realidade; em outros, reutilização e reciclagem são as principais soluções. Enquanto isso, aquela sua conta de água que vem diluída no preço do condomínio tende a subir na proporção em que caem os níveis de água doce potável disponível no mundo.

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