Petróleo e meio ambiente

Legislação brasileira é fraca no que se refere a acidentes

Fonte - Ciência Hoje

A busca pela produtividade energética entra muitas vezes em conflito com a necessidade de preservar o meio ambiente. No caso do petróleo, o impacto ambiental é inerente a todo o processo de produção - e previsto pela avaliação realizada para que um empreendimento seja autorizado. 

A perfuração de um poço ou a instalação de um duto têm conseqüências imediatas para o ecossistema em que se estabelecem. A terra é revolvida, animais e plantas morrem, é necessária uma readaptação da área após a introdução do empreendimento.

Ave vítima do acidente na Refinaria Duque de Caxias sendo lavada por voluntário

No entanto, além do inevitável impacto ambiental, a exploração do petróleo prejudica o meio ambiente quando ocorrem acidentes ou incidentes em alguma etapa do processo, como foi o caso diversas vezes nos mais de cem anos de história do petróleo no Brasil. Acidentes e incidentes são muitas vezes resultado da negligência e descuido das companhias exploradoras. "O Brasil tem uma legislação ambiental bastante razoável, mas na parte de acidentes, ela é muito ruim", diz a engenheira química Alessandra Magrini, da Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). A exploração em águas, regida por uma legislação internacional, é uma exceção.

Em 2000, a Petrobras foi responsável por dois importantes acidentes de derramamento de óleo. Em janeiro, foram derramados na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, um milhão e trezentos mil litros de óleo que atingiram uma extensa área de manguezais. As principais vítimas foram os caranguejos, que estavam em época de reprodução. O tempo estimado para a recuperação é de três a dez anos.

O outro acidente, na refinaria Presidente Getúlio Vargas, provocou um estrago ainda maior. Quatro milhões de litros de óleo vazaram no rio Barigui e atingiram o rio Iguaçu. Em alguns pontos, toda a largura do leito dos rios foi coberta. Um entre cada oito animais retirados pela equipe de resgate sobreviveu. Foi o maior desastre ecológico do ano no Brasil.

O vazamento no Paraná trouxe uma aparente contradição à tona: a refinaria obtivera há pouco tempo o certificado ISO14000, referente à excelência em gestão ambiental. "O problema é que o certificado se refere apenas às intenções da empresa de minimizar os danos causados ao meio ambiente, não à sua situação no momento", diz Alessandra. 

Já na Refinaria de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, não houve estudo de impacto ambiental: ela foi implementada em 1961, antes da criação da lei que exige licenciamento. Há, por isso, uma discussão quanto a se o estudo deve ser feito para ampliações que ocorrem hoje em dia. Como ele não é de interesse das empresas, elas alegam que a lei não pode ser retroativa.

Outras Pesquisas

Principal