Amazônia - esgoto ou pulmão da Terra ?

17 de novembro, 2000

HAIA -- A proposta dos Estados Unidos de usar a Amazônia e outras florestas como "esgotos de carbono" para absorverem os gases que provocam o efeito estufa, em vez de cortar suas emissões de gases, foi chamada de cínica por europeus e ambientalistas.

Na conferência sobre o Clima, em Haia, que reúne 180 países, a União Européia rejeitou a proposta norte-americana, criticando o plano como "um presente grátis" para os maiores causadores do aquecimento global.

Os ambientalistas também criticaram os Estados Unidos, acusados de propor um esquema cínico de tornar a Amazônica e outras florestas naturais em "esgotos de carbono" para se livrar de cortar a emissão de gases de sua indústria e seus automóveis, conforme recomendação do Protocolo de Kyoto, assinado em 1997.

Os países que produzem gases acima do limite estabelecido pelo acordo de Kyoto devem pagar para evitar que o efeito estufa, poluição do ar, agrave a situação do aquecimento do planeta, que tem provocado desastres naturais tufões, degelo e aumento dos níveis dos oceanos.

Alguns grupos dizem que esse sistema de contabilidade pode não ser uma má idéia se proteger alguns pontos fundamentais, como as bacias do Amazonas e do Orinoco, algumas vezes chamados de "pulmões do planeta", do desflorestamento destrutivo.

Mas a organização não governamental, protetora do meio ambiente, Greenpeace disse que contar com os "esgotos de carbono" para compensar uma não redução na emissão dos gases poluentes era uma posição cientificamente questionável e politicamente inaceitável.

O fato de 20 a 25 por cento das emissões de CO2, provocadas pelo homem, vir das queimadas significa que as florestas têm de ser levadas em consideração como parte do combate aos problemas climáticos do planeta, disse a Union of Concerned Scientists. O grupo norte-americano, que examina os dados envolvidos em questões políticas, divulgou uma declaração assinada por 110 pesquisadores do meio ambiente, inclusive um laureado com o prêmio Nobel, defendendo a inclusão dos "esgotos" no acordo de Kyoto.

Esses cientistas disseram acreditar que esquema de "esgotos" proposto poderia combater o desflorestamento, noticiou a agência Reuters.

Alguns ativistas e governos latino-americanos, favoráveis à proposta norte-americana, consideram que os grupos ambientalistas, dogmáticos, estão cegos para as possíveis vantagens.

"Depende de quais sejam as regras," disse Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia. "A oposição das ONGs a isso é uma posição equivocada."

Diplomatas dos países participantes da conferência em Haia estão discutindo o tema, como preparativo para a reunião de ministros, na próxima semana, que deverá decidir a estratégia internacional de combate às mudanças climáticas para a implementação do Protocolo de Kyoto.

Colaboração - Carlos Eduardo - Curitiba - PR

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