Maresia purifica o ar

Spray marinho interage com gases poluentes e transporta-os para o solo

A maresia funciona como um purificador de ar e pode reduzir em até 20% a poluição atmosférica nas cidades costeiras. Antes verificado apenas para substâncias inorgânicas como compostos de nitrogênio e enxofre, constatou-se que o efeito purificador é válido também para substâncias orgânicas, como os hidrocarbonetos alicíclicos que têm o número de carbonos entre 11 e 32, originários do refino do petróleo. Essa é uma das conclusões que Tânia Mascarenhas Tavares, coordenadora do Laboratório e Química Analítica Ambiental da Universidade Federal da Bahia (UFBA), apresentou no 40o Congresso Brasileiro de Química, realizado em outubro em Recife.

Chamada tecnicamente de spray marinho, a maresia tem origem na arrebentação, onde as ondas quebram. Ela é formada de gotículas de água salgada que são maiores e mais lentas que as moléculas gasosas. 

A maresia pode alcançar 250 km de distância da costa

Estas acabam 'grudando' nas gotículas e são transportadas para o solo, configurando a purificação. A concentração no ar dessas moléculas é nociva para a saúde humana, mas torna-se desprezível no solo, que não fica contaminado. O spray marinho alcança 250 quilômetros de distância da costa. As gotículas mais leves, que se locomovem com mais facilidade, podem se afastar até 500 quilômetros. A umidade também contribui para a purificação pela maresia.
Para monitorar a poluição atmosférica, a equipe do laboratório desenvolveu um dispositivo portátil para medir a concentração de poluentes no ar. O equipamento conta com uma membrana com um componente que assimila os gases poluentes e pode ter um alcance de 100 a 500 metros. A membrana é descartável, custa R$ 5 e é analisada em laboratório. "O aparelho faz uma amostragem integrando a informação durante o tempo de exposição e dá a média do período", explica Tânia. Existe um dispositivo para cada tipo de gás, como o dióxido de enxofre e o de nitrogênio. No momento, estão sendo desenvolvidos um modelo para ozônio e outro para benzeno, xileno e polueno. "O dispositivo custa cerca de R$ 10 e é fácil de usar, pois pode ser pendurado em qualquer lugar", afirma Tânia. "Ele pode ser distribuído pela cidade e os resultados podem dar origem a uma média topográfica."

O monitor de poluição atmosférica, um dispositivo cilíndrico de 25 mm de diâmetro e 12 mm de altura, mede a quantidade no ar de compostos como dióxido de enxofre ou de nitrogênio

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