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Insônia : a briga entre o dia e a noite
O sono interrompido pode ter conseqüências bem mais graves do que se imagina. Aos poucos, ele acaba com a sua qualidade de vida
Fonte
- Galileu
Para muitas pessoas, a
hora de dormir é o momento mais aguardado do dia. É a hora do
necessário descanso, após o cotidiano corrido dos que vivem nas
grandes cidades. Mas, para quase 63 milhões de brasileiros, o anoitecer
é um dos momentos mais difíc eis do dia. Eles sabem o que os aguarda:
uma outra noite se revirando na cama. E contar carneirinhos já não
ajuda mais. |
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Sem
diagnóstico Exemplo disso é o caso de Angela Maria Bischoff, de 53 anos. Ela começou a ter insônia aos 25. "Eu ficava várias noites sem dormir", conta. Como isso não era constante, ela nunca procurou um médico especializado em distúrbios do sono. Mas costumava se c onsultar com o ginecologista, que lhe receitava remédios tranqüilizantes. "Cheguei a tomar remédios para dormir, mas eles só resolviam o problema imediato. Nunca soube a causa da minha insônia", reclama. "Dormia mal e, na manhã seguinte, estava indis posta. O dia não rendia." Para Angela, a insônia não está relacionada à idade. "É um problema que tenho desde sempre e nunca tratei."Estudos recentes, realizados por dois centros de pesquisa dos Estados Unidos, indicam que a qualidade do sono começa a deteriorar nos anos em que a pessoa é mais produtiva, muito antes do que se pensava. |
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Até então, acreditava-se que
apenas pessoas idosas tinham distúrbios de sono relacionados à idade.
Segundo as pesquisas, a qualidade do sono começa a ser afetada entre os 25 e os 45 anos. Com o avanço do tempo, as pessoas despertam cada vez mais cedo, dormem menos e acordam mais durante a noite. Todos esses fatores afetam o sono e a qualidade do d escanso. Mas há aqueles que dormem a noite toda e, mesmo assim, não se sentem descansados na manhã seguinte. Por outro lado, há quem durma menos de oito horas por noite - período recomendado pelos especialistas - e se sinta em perfeitas condições para enfrentar o dia. Esse era o caso de Renato Jacob, 26. Ele sempre dormiu poucas horas por noite: no máximo seis. Isso nunca o incomodou. Mas no último ano, desde que assumiu o cargo de diretor para a América Latina de uma instituição financeira norte-americana, começou a ter insônia. "A quantidade de sono não é fundamental. A qualidade é o que importa e há noites em que não durmo bem", afirma Renato, que tenta colocar o sono em dia nos finais de semana, mas sempre acaba acordando mais cedo e dormindo mal. Ele atribui o problema ao stress que passa diariamente. "É impossível deitar e não pensar no trabalho." Acordar cansado |
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A falta de sono afeta o
reflexo e o tempo de reação da pessoa, deixando-a mais suscetível a
sofrer acidentes de trânsito. Os insones têm também um risco maior de
depressão ou ansiedade. Levantamentos estatísticos mostram ainda que
quase metade das pe ssoas que sofrem de insônia crônica acaba recorrendo
ao uso abusivo de álcool e drogas. Soneca tem hora Os tratamentos atuais não medicamentosos para a insônia são eficientes em 85% dos casos. Eles variam desde a restrição do sono - reduzir o tempo que a pessoa pode dormir - até exercícios de relaxamento e meditação, como a ioga. |
Dicas para dormir melhor
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Seguir algumas dicas para
melhorar o sono também pode ajudar, como dormir no mesmo horário e
evitar fazer ginástica antes de dormir. Os médicos recomendam também
que o insone evite dormir entre as 17 horas e 21 horas. A soneca da tarde
pode tirar o sono da noite. Isso ocorre por causa de um hormônio chamado
melatonina. Uma das funções desse hormônio é estimular o sono. Se a
pessoa dorme antes do horário habitual, a melatonina será liberada
antecipadamente, reduzindo a quantidade que deveria ser produzida à
noite. A melatonina é inibida pela luz. Para evitar a sonolência durante o dia após uma noite maldormida, recomenda-se trabalhar ou estudar em um ambiente bem iluminado. Caso contrário, a melatonina será liberada e a pessoa terá sono na hora errada. Outra indicação para melhorar o sono é evitar dormir próximo ou em locais barulhentos. Segundo o especialista Fernando Pimentel Souza, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o barulho não deixa a pessoa chegar ao sono profundo. "Até mesmo o so m mais leve já pode fazer a pessoa sair do sono REM. Com o barulho, dificilmente ela chegará novamente a essa fase. O resultado é um sono fragmentado, sem qualidade", relata. Medicamentos Nos casos que não se resolvem com medidas preventivas, medicamentos são recomendados. Embora eficientes em casos esporádicos, a maior parte dos produtos, chamados ansiolíticos, não deve ser usada durante um período maior do que 30 dias. "Quase todos o s remédios causam dependência", alerta Stella Tavares, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O mais novo medicamento a integrar o arsenal contra a insônia é o zaleplom. A vantagem desse produto é que ele não afeta o desempenho motor do paciente n a manhã após a ingestão. Muitos ansiolíticos deixam a pessoa letárgica no dia seguinte. Os medicamentos não fazem milagres. Eles apenas ajudam no combate ao problema imediato. O tratamento contra insônia precisa ser avaliado pelo médico para que a verdadeira causa seja encontrada. Recomenda-se uma combinação de remédio e psicoterapia, na maior parte dos casos de insônia crônica. Segundo Stella, grande parte dos insones estão fadados a passar noites em claro em decorrência de problemas emocionais. Mas poucos procuram um médico para descobrir a real causa do problema. Dados da Fundação Nacional de Sono dos Estados Unidos indicam que apenas 5% das pessoas procuram o especialista para tratar a insônia. Enquanto 26% dos insones são tratados por médicos como clínicos gerais e ginecologistas, a maioria nunca procurou aju da. "É preciso identificar a causa do problema", diz Alóe. "Tratar a insônia é o primeiro passo para melhorar a qualidade de vida." |
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Noite ruim As principais queixas do sono nos EUA 39% das pessoas se movimentam bruscamente enquanto dormem
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