Nobel 2000 de Medicina

Três cientistas premiados por pesquisas sobre transmissão de sinais no cérebro

Nobel de Medicina para pesquisa do cérebro

Fonte - Ciência Hoje

O Nobel 2000 de Medicina foi concedido em 9 de outubro a Arvid Carlsson, Paul Greengard e Eric Kandel. Os três pesquisadores fizeram descobertas envolvendo a transmissão de sinais entre células nervosas no cérebro humano. Essas células - os neurônios - trocam informação por meio de transmissores químicos nas sinapses. As pesquisas dos laureados, ligadas a perturbações nessa transmissão de sinais que podem gerar distúrbios neurológicos e psiquiátricos, foram importantes para a compreensão do funcionamento normal do cérebro e para a criação de novas drogas.

A premiação do sueco Arvid Carlsson, 77 anos, da Universidade de Gotemburgo (Suécia), se deve a seus estudos sobre a dopamina, que ele pesquisa desde os anos 50. Carlsson descobriu que ela é um neurotransmissor importante para o controle dos movimentos físicos. Seus estudos permitiram associar o mal de Parkinson à falta de dopamina em certas partes do cérebro (como o núcleo da base) e desenvolver um medicamento que até hoje é o mais usado contra a moléstia - o L-dopa.

O norte-americano Paul Greengard, 74 anos, da Universidade de Rockefeller (Nova York, Estados Unidos), foi premiado por descobrir o mecanismo de ação pelo qual alguns neurotransmissores (como dopamina, noradrenalina e serotonina) enviam mensagem de uma célula a outra no sistema nervoso central. 

Esses transmissores agem primeiramente em um receptor na superfície da célula receptora, desencadeando uma série de reações (fosforilação e desfosforilação) que afetam algumas 'proteínas-chave' que, por sua vez, regulam várias funções dos neurônios. As descobertas de Greengard foram fundamentais para a compreensão da ação de várias drogas que afetam a fosforilação das 'proteínas-chave' em diferentes células nervosas.
Já a escolha do austríaco naturalizado norte-americano Eric Kandel, 70 anos, da Columbia University (Nova York), é devida a associação feita por ele entre memória e aprendizado e a eficiência das sinapses. Suas experiências demonstraram como a fosforilação protéica nas sinapses é importante para gerar uma memória de curto prazo. O desenvolvimento da memória de longo prazo está ligado à síntese de novas proteínas. As descobertas de Kandel sobre os mecanismos moleculares e celulares da formação das lembranças podem abrir portas para o desenvolvimento de drogas para a memória. Segundo Roberto Lent, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a premiação pode despertar a atenção do público para os diferentes tipos de pesquisa. "O reconhecimento de pesquisas básicas, como a de Greengard e Kandel, é importante. Elas podem não trazer resultados imediatos, como drogas ou a cura de uma doença, mas fazem parte do processo para que esses resultados possam ser desenvolvidos."

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