Vacas produzem leite dietético

Alimento com menos gordura e mais proteínas pode combater câncer

Um leite com baixo teor de gordura e propriedades anticancerígenas está sendo desenvolvido por Dante Pazzanese Lanna, professor de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP). Além de 30% a menos de gordura, o leite tem um teor 200% a 300% maior que o normal de ácido linoléico conjugado (CLA) na forma c9,t11. O CLA é um tipo de lipídio encontrado normalmente no estômago dos ruminantes. A forma c9,t11 confere-lhe grande poder anticancerígeno - principalmente contra tumores de mama -, já atestado por estudos anteriores. O leite desenvolvido na Esalq é caracterizado ainda pelo alto teor de uma outra forma do CLA - a t10,c12, responsável pela inibição da expressão dos genes que comandam a síntese de gordura na glândula mamária das vacas.

Para que as vacas passassem a produzir o novo leite, o pesquisador deu-lhes uma ração especialmente preparada - com alto teor de CLA e sais de cálcio. Além das mudanças na composição do leite, o pesquisador constatou, após dois meses de experimentos, que os animais passaram a produzir maior quantidade do alimento. Segundo Lanna, foi obtido um aumento médio de 10% no teor de proteína e no volume do leite produzido.

Além de água, o leite é composto de frutose, proteínas e gordura; a queda do nível desta última implica um aumento no teor dos outros dois componentes. A menor quantidade de gordura no leite faz também com que as vacas precisem de menos energia para produzi-lo. Além disso, elas levam menos tempo para voltar ao cio após o parto e para ficar prenhes novamente. "Em tempos de seca, em que há pouca comida disponível, esse composto pode ser muito útil, por adequar as exigências de nutrientes do animal à disponibilidade de alimentos", explica Lanna.

Dois fatores animam o pesquisador: os resultados obtidos, idênticos mesmo quando experimentados em animais de diferentes raças no pasto e em confinamento, e a boa resposta do gado ao tratamento. "Nenhuma vaca sofreu qualquer tipo de problema sanitário ou metabólico, mesmo com a alteração provocada na composição do leite." Lanna acredita que o CLA possa ser usado como suplemento alimentar em larga escala, tanto por fábricas de ração quanto pelos próprios criadores. Por isso, já pediu a patente do produto que, segundo ele, tem efeito sem precedentes no teor de proteínas no leite.
Fonte- Ciência Hoje/RJ - Leonardo Cosendey

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