Odores coloridos

"Nariz artificial" muda de cor em função da composição química da substância

A detecção de alimentos estragados, vazamentos de gás e toxinas nem sempre é fácil, e se não for feita a tempo, pode provocar prejuízos desnecessários e até mortes. Pensando em uma maneira de minimizar o problema, dois pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de Illinois (Estados Unidos), Kenneth Suslick e Neal Rakow, desenvolveram um "nariz artificial" capaz de sentir odores em um nível imperceptível para os humanos. O dispositivo consiste em uma pequena chapa que muda de cor em função da composição química da substância que entra em contato com ela.

A detecção de alimentos estragados, vazamentos de gás e toxinas nem sempre é 

O "nariz artificial": uma chapa com 11 amostras de metaloporfirinas (molécula à esquerda) ligadas aos íons metálicos listados à direita

fácil, e se não for feita a tempo, pode provocar prejuízos desnecessários e até mortes. 

Pensando em uma maneira de minimizar o problema, dois pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de Illinois (Estados Unidos), Kenneth Suslick e Neal Rakow, desenvolveram um "nariz artificial" capaz de sentir odores em um nível imperceptível para os humanos. O dispositivo consiste em uma pequena chapa que muda de cor em função da composição química da substância que entra em contato com ela.

O invento, baseado em uma técnica batizada de "visão de cheiro" por seus criadores, tem a aparência bastante simples: 11 pingos de diferentes pigmentos dispostos sobre uma chapa de aproximadamente 2,5 por 6 cm, de papel, vidro ou plástico. Os pigmentos usados são metaloporfirinas, cujas moléculas em forma de pneu, semelhantes às da hemoglobina e da clorofila, podem se ligar a metais. Em contato com substâncias químicas, esses pigmentos assumem cores drasticamente diferentes após um tempo máximo de 30 segundos. Cada substância produz uma combinação diferente de cores, que os pesquisadores definem como sua "impressão digital".

Antes e depois da exposição ao odorante que se quer detectar, a chapa deve ser 'fotografada' por um scanner comum ou máquina digital. Comparando a imagem inicial com a final, obtém-se o padrão de mudança de cores da substância testada. Sua composição pode ser identificada e quantificada a partir da comparação do resultado com uma tabela com as "impressões digitais" dos diferentes odores testados.

Segundo seus criadores, o "nariz artificial" pode ser de dez a cem vezes mais sensível 

Resultado da exposição do "nariz artificial" a diferentes substâncias

que o olfato humano para alguns odores, além de ser superior aos detectores já existentes no mercado. "Nossa técnica de mudança de cor independe da umidade relativa, o que é certamente uma grande vantagem", declarou Suslick. Além disso, eles ressaltam que o invento é rápido, simples e barato.

Segundo eles, visava-se principalmente à aplicação do produto como forma de alertar para a presença de toxinas em laboratórios químicos. No entanto, ele pode servir também para detectar drogas e plantas ilícitas nas alfândegas ou para identificar falsificações na indústria de perfumes, entre outros. O invento, descrito na edição de 17 de agosto da revista britânica Nature, já teve sua patente requerida nos Estados Unidos.
Original em - Ciência Hoje

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