Sensor detecta falhas em duto de petróleo

Variações no campo magnético permitem localizar vazamentos com precisão

Um sensor magnético capaz de detectar falhas em dutos de petróleo baseado na magnetoimpedância gigante está sendo desenvolvido pelo Grupo de Magnetismo e Materiais Magnéticos do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O sensor faz parte do pig (porco, em inglês), equipamento em forma de míssil que mede de dois a três metros de comprimento, utilizado para prevenir vazamentos de petróleo. O dispositivo se desloca impulsionado pelo próprio petróleo e chega sujo ao final do duto - daí o seu nome.

Descoberta em 1992 pelo professor Fernando Machado, da UFPE, a magnetoimpedância gigante é uma propriedade que certos materiais apresentam que os torna capazes de conduzir mais ou menos corrente elétrica alternada quando um campo magnético é aplicado ao material. As variações de corrente são importantes, podendo chegar a mais de 200%, mesmo com campos magnéticos pequenos. "A magnetoimpedância gigante é estudada em todo o mundo, mas apenas o Brasil domina sua aplicação à industria de petróleo", garante Machado, que coordena o projeto do sensor magnético.

O sensor magnético desenvolvido pela UFPE gera um sinal que depende do valor da sua magnetoimpedância gigante. Esse valor é determinado pelo campo magnético do lugar em que o sensor está. As áreas do duto com algum tipo de falha apresentam campo magnético diferente daquele constatado nas demais, devido à diminuição da espessura do duto. Por isso, quando o sensor passa de uma região sem falhas para uma com falhas, há mudança no campo magnético. "Dessa forma, a magnetoimpedância gigante muda e o sinal gerado pelo sensor também", explica Machado.

O pig é composto ainda por um computador que recebe o sinal do sensor magnético e faz a leitura dos campos magnéticos das paredes do duto detectados por ele. A região do duto em que foi detectada alguma mudança no campo magnético e que, portanto, apresenta uma falha, é determinada por um odômetro (instrumento que mede o caminho percorrido pelo sensor) e armazenada na memória do computador.

Atualmente, a detecção de defeitos em dutos é feito por um sensor a base de ultra-som, menos preciso na localização de vazamentos se comparado ao sensor magnético. Mas já existe um pig em operação no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). O desenvolvimento da tecnologia envolve ainda quatro outras instituições.

Original em Ciência Hoje

Outras Pesquisas

Principal