Alteração na composição da gasolina

Diminuição do percentual de álcool de 24% para 20% aumentará a presença de monóxido de carbono.

São Paulo - A diminuição do percentual de mistura de álcool anidro na gasolina de 24% para 20% deverá ter um efeito, mesmo que pequeno, sobre a poluição nos grandes centros, sobretudo se a medida for de longo prazo. Anunciada pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, a mudança terá o objetivo de minimizar os impactos da redução da produção de cana-de-açúcar em função da estiagem.

"Os carros em circulação foram projetados para utilizar uma mistura de 22% de álcool. Assim, temos um ganho com o índice de 24% e teremos uma perda com 20%, mas só depois de estar em funcionamento poderemos saber o quanto", diz Manoel Paulo de Toledo, gerente do departamento de tecnologia de emissões de veículos da Companhia de Tecnologia Ambiental de São Paulo (Cetesb).

Segundo Toledo, com a mudança, haverá um aumento de emissão principalmente de monóxido de carbono, que com 24% emite 87% do projetado e passará a emitir 110% com 20%. Situação parecida acontece com os hidrocarbonetos, que vão variar de 94% para 103% de emissão. Já os óxidos de nitrogênio e aldeídos deverão diminuir com a mudança. O primeiro passará de 110% para 97% e o segundo de 112% para 95%.

O técnico da Cetesb acredita que o impacto do aumento de emissão do monóxido de carbono, o mais prejudicial à saúde, só será sentido se a mudança se prolongar. "Como é uma medida temporária, esperamos que voltem logo os níveis normais e não tenhamos grande problemas", diz.

Já os hidrocarbonetos e os óxidos de nitrogênio, que colaboram para a diminuição da camada de ozônio, possivelmente não alterarão a atual situação, pelo fato de um aumentar a emissão e o outro diminuir.

Segundo o professor João Vicente Assunção, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), o aumento de emissão de monóxido de carbono só será sentido nos veículos antigos, que não possuem catalisador. "Nos que possuem catalisador, o efeito da mudança será praticamente nulo", diz.

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