Pneu velho vira combustível

Usina de xisto de São Mateus do Sul vai reciclar 2 milhões de pneus por mês

A Superintendência de Industrialização do Xisto (SIX), conhecida como Usina de Xisto de São Mateus do Sul, está se preparando para aumentar em 10% a produção atual de óleo, gás de cozinha, gás combustível e enxofre, a partir do uso de pneus como matéria-prima complementar.

Órgão operacional da Petrobrás, a usina detém tecnologia para substituir até 5% do xisto (que é uma rocha) por pneus e já está operando o processo em fase experimental. Na primeira fase, iniciada este mês, estão sendo processados cerca de 50 mil pneus por mês, mas a usina tem capacidade instalada para processar e reciclar 2 milhões de pneus mensalmente, ou 400 toneladas/dia.

A operação à plena capacidade, prevista para dentro de dois anos, vai elevar em 10% a produção atual da unidade - 4 mil/barris/dia de óleo, 45 toneladas/dia de gás de cozinha, 110 toneladas/dia de gás combustível e 175 toneladas/dia de enxofre.

Além de aumentar a produção, o processo também vai garantir uma economia de 15% nos custos da lavra do minério de xisto. "De uma tonelada de xisto conseguimos extrair 10% de óleo. De uma tonelada de pneu, 50% é transformado em óleo. Por isso, apesar dos pneus representarem apenas 5% da matéria-prima utilizada no processo, vamos produzir mais derivados e consumir menos minério de xisto", explica Elio Paes, gerente de produção da Usina de Xisto de São Mateus do Sul.

Reciclagem

Elio Paes diz que o co-processamento de pneus consiste não apenas numa oportunidade comercial para a Petrobrás, mas também insere a empresa no contexto de controle de meio ambiente. "Nossa empresa passa a colaborar com a destinação ecologicamente correta para os pneus usados, que é um dos maiores problemas do mundo moderno."

Para usar pneu como matéria-prima a SIX vai firmar um acordo de prestação de serviços com os fabricantes e importadores de pneus. Estas empresas, de acordo com a Resolução n.º 258, do Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente, a partir de 2002 estarão obrigadas a reciclar parte dos pneus usados já vendidos para poder colocar pneus novos no mercado.

De forma objetiva, os fabricantes de pneus vão contratar a Petrobrás para que dê um fim ecologicamente correto aos pneus velhos e a SIX, além de receber por isso, ainda vai reduzir seus custos e aumentar a produção.

"Eventualmente, intermediários poderão fazer parte do processo, na coleta e picagem dos pneus. O transporte dos pneus velhos pela Petrobrás já foi autorizado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que também concedeu a licença definitiva para a operação industrial de reciclagem", aponta Elio Paes.

Segundo dados de uma pesquisa realizada pela engenheira e pesquisadora da USP, Juliana de Carvalho, o Brasil produz cerca de 300 mil toneladas de sucata de pneus por mês. Deste total, 10% são recicladas e resultam em borracha regenerada. O pneu usado pode ser utilizado também para pavimentação de estradas (com a mistura de pó de borracha com o asfalto, aumentando a durabilidade do piso), sinalização rodoviária, e até para a reprodução de animais marinhos. Nesse caso, os pneus são utilizados como estruturas de recifes artificiais no mar para criar ambiente adequado para reprodução dos animais.

Combustíveis surgem da reciclagem

Gasolina e querosene são extraídos da borracha

Durante a operação, o minério é extraído das minas é britado e peneirado, separando o xisto fino do xisto cru. As partículas menores, chamadas de xisto fino, servem como combustível termoelétrico. O xisto cru é usado para a extração do óleo, gás e enxofre. Já os pneus são picados e os arames retirados, para depois serem misturados, na proporção de 5%, ao xisto cru.

Esses materiais são aquecidos a uma temperatura de 480 graus Celsius, provocando a liberação de óleo e gás de xisto e dos pedaços dos pneus.

O óleo e o gás são separados e limpos, para a obtenção de nafta, GLP, enxofre, gás combustível e mais óleo. Quando chegam às refinarias, esses produtos podem ser transformados em gasolina, óleo diesel, querosene, etc.

Pesquisa - Angélica - Curitiba - PR

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