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Bio-óleo pode substituir diesel na geração de energia Degradação térmica de resíduo agrícola em reator tem benefícios ambientais e sociais |
Fonte - Ciência Hoje Pesquisadores da Unicamp produziram a partir de biomassa um óleo combustível que traz benefícios ambientais, sociais e tem diversas aplicações. O bio-óleo, assim batizado pelos cientistas, foi produzido por pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM).
O bio-óleo é produzido a partir da degradação térmica de resíduos agrícolas em um reator. "O material utilizado pode variar em função do local", explica o engenheiro químico José Dilcio Rocha, um dos responsáveis pelo projeto. "No interior paulista podem ser usados o bagaço e a palha da cana e no Rio de Grande do Sul a casca do arroz." Ao contrário dos combustíveis fósseis, a biomassa é renovável e não aumenta a concentração de poluentes no ar. O gás carbônico absorvido pela planta durante seu crescimento compensa aquele que será liberado na queima do bio-óleo. Além disso, frisa José Dilcio, "o Brasil é rico em biomassa". |
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O bio-óleo pode
substituir o diesel, mas sua aplicação ideal não é em veículos, e sim
como alternativa na geração de energia. Devido à diferença de poder
calorífico, é preciso uma quantidade de bio-óleo duas vezes maior do
que de diesel para fazer funcionar um motor de caminhão. No entanto, em
uma unidade estacionária de geração de energia, onde pode haver grandes
tanques de armazenamento, isso não é um inconveniente. "Uma cidade
afastada como Benjamin Constant (AM) só possui termelétricas a diesel
como geradoras de energia", explica José Dilcio. "Como o bio-óleo
pode ser produzido na própria região, elimina-se o problema do
transporte do diesel, que é difícil, caro e poluente." Outro benefício
da produção do bio-óleo seria "a criação de novos empregos e a
manutenção dos trabalhadores nas áreas rurais". Entre outras aplicações,
é possível fracionar o bio-óleo e usar parte de sua composição na indústria
alimentícia para a defumação. Ele pode também substituir em 50% o
fenol petroquímico na produção de resinas fenólicas, usadas como colas
nas madeiras compensadas e na fabricação de vernizes e adesivos. O
Brasil consome por ano 60 mil toneladas de fenol petroquímico a um custo
de 750 dólares a tonelada. Assim como o petróleo,
o bio-óleo tem uma constituição química complexa e alguns de seus
compostos podem ser isolados, modificados e usados para diversas aplicações.
Embora difíceis de ser isolados, os compostos derivados do bio-óleo
(como a vanilina, essência retirada da baunilha, atualmente produzida a
partir do bio-óleo na França) atingem alto valor de mercado e têm
importantes funções. A pesquisa foi
realizada com recursos da Fapesp e da Finep e contou com apoio do Centro
de Tecnologia da empresa privada Copersucar. Atualmente, estudos avaliam a
produção do composto em escala industrial com qualidade e rendimento.
"O bio-óleo poderá custar menos da metade do diesel", estima
José Dilcio. "Mas é preciso o interesse de alguma empresa." |
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