Bioterrorismo, a nova ameaça !

O perigo invisível que vem do ar

Fonte - Isto é

A brutalidade dos atentados de Nova York salta aos olhos, mas o bioterrorismo tem um componente de crueldade e sadismo insuperáveis. Depois do atentado de 11 de setembro, subestimar um ataque de vírus, bactérias ou gases letais seria no mínimo ingênuo. Esse é o parecer da Organização Mundial de Saúde (OMS), que na segunda-feira 24 fez soar o alerta vermelho e recomendou a todos os países a adoção de providências para arcar com “as conseqüências do uso de agentes biológicos ou químicos como armas”. A maior parte desses gases e microorganismos são velhos conhecidos e têm tratamento ou vacina.

Por que, então, disseminar o pânico? Motivos não faltam. Em primeiro lugar, inocular toda a população de uma cidade ou país contra determinada doença é impraticável. Com o avanço das técnicas de manipulação genética, o quadro piorou. A própria OMS reconhece que de nada adiantaria uma campanha mundial de vacinação porque os vírus e as bactérias são modificados em laboratório para resistir aos remédios de hoje.

A única forma de evitar uma intoxicação em massa está na velocidade de reação, ou seja, em identificar, isolar e tratar os doentes com o máximo de urgência. Foi essa a lição que o Japão aprendeu na primavera de 1995. Passava de oito horas da manhã de segunda-feira e o metrô de Tóquio transbordava de gente, como em todas as manhãs. De repente, sem alarde ou estrondo, uma nuvem de fumaça invadiu os vagões dos trens. Em poucos minutos, os integrantes da seita religiosa terrorista Ensino da Verdade Suprema espalharam marmitas e latas de refrigerante repletas de gás tóxico nos túneis subterrâneos. Não demorou até que os passageiros começassem a inalar o gás sarin, inseticida que atua sobre o sistema nervoso central e é 20 vezes mais letal do que o cianeto empregado nas câmaras de gás. Seus efeitos dependem da quantidade de gás inalado ou absorvido pela pele. Em doses altas, o sarin provoca espasmos, dificuldade para respirar e leva à morte por asfixia.

Trancafiados nos vagões, os passageiros do metrô de Tóquio sentiram tontura, tossiram, alguns vomitaram, outros desmaiaram, muitos entraram em pânico. O saldo foi de uma dúzia de mortos e milhares de feridos. Poderia ter sido maior, caso os terroristas tivessem acertado na dose. “A capacidade mortífera de uma arma química depende da concentração. Em geral é preciso pulverizar grande quantidade para surtir efeitos drásticos”, explica Sérgio Graff, médico especializado em toxicologia.

Se existisse uma lista para classificar as armas de destruição em massa por seu grau letal, os artefatos químicos ocupariam o terceiro lugar. Perderiam para as armas biológicas, criadas em laboratório a partir de vírus e bactérias, e para os acidentes nucleares. Todos são invisíveis e matam indiscriminadamente civis, militares, velhos e crianças.

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