O texto de Bohr é
resposta a uma carta enviada por Heisenberg ao jornalista Robert Jungk.
Heisenberg afirma que foi a Copenhague para traçar com Bohr um plano que
evitasse o desenvolvimento de armas atômicas por aliados e alemães na
guerra (a mesma versão está na autobiografia de Heisenberg, A
parte e o todo, publicada no Brasil pela editora Contraponto). Indignado
com o que é dito por Heisenberg, Bohr escreve a carta, em que afirma que
Heisenberg expressou em Copenhague "sua convicção definitiva de que a
Alemanha ganharia", e disse que "tudo estava sendo feito na
Alemanha para desenvolver armas atômicas, e (...) que você (Heisenberg)
passara os dois últimos anos trabalhando mais ou menos exclusivamente
nessas preparações."
Deve-se ter cuidado, no
entanto, ao tratar a carta como uma pá de cal no suspense que envolve o que
foi dito no encontro. Apesar de ser um documento importante, a carta é mais
uma versão, que pode ser verdadeira ou não (e o fato de não ter sido
enviada é significativo, pois Heisenberg não pôde replicar).
Além de trazer novos
elementos à discussão sobre o que aconteceu em Copenhague, a liberação
de documentos do arquivo de Niels Bohr pode ter grande importância para a
ciência brasileira. Há relatos de que nos arquivos de Bohr existiria um
documento intitulado Por que Cesar
Lattes não ganhou o Prêmio Nobel. O físico brasileiro foi um dos três
cientistas responsáveis pela descoberta do méson-pi, a partícula subatômica
que garante a coesão do núcleo do átomo. Os outros dois ganharam o Nobel;
Lattes, não. O suposto documento também tem divulgação prevista para
2012, mas a liberação da carta traz esperanças de que o conteúdo do
texto seja disponibilizado antes.
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