O acúmulo
de poeira na atmosfera após a colisão de um asteróide gigante
com a Terra, há 65 milhões de anos, pode não ter sido a causa
da extinção dos dinossauros. De acordo com estudo do geólogo
Kevin Pope, do Geo Eco Arc Research, em Maryland (EUA), o asteróide
-- que tinha 10 quilômetros de diâmetro e caiu na península
de Yucatan, no México -- não levantou quantidade de poeira
fina suficiente para impedir a fotossíntese por um período
significativo.
A hipótese
de Pope sugere que nuvens de ácido sulfúrico impossibilitaram
a fotossíntese na Terra - fenômeno responsável pela morte de
plantas e animais ocorrida na época. A teoria indica ainda que
um novo choque entre um asteróide e o planeta não traria
conseqüências tão catastróficas quanto se supõe.
Sabe-se que
o impacto do asteróide em Yucatan lançou na atmosfera uma
enorme quantidade de detritos. Ao baixar à superfície, eles
formaram sobre o solo uma camada de sedimentos com espessura média
de 3 milímetros -- o equivalente a trilhões de toneladas de
material. De acordo com Pope, entretanto, esses dados não
garantem que a poeira impediu a fotossíntese na Terra - é
preciso definir qual a porcentagem de poeira fina na camada
sedimentar.
"Para
que ocorresse uma extinção em massa, seria necessário que a
poeira ficasse na atmosfera por muito tempo - alguns meses, pelo
menos", diz Pope à CH on-line. "Partículas grandes de poeira, maiores que um micrômetro
(igual à milionésima parte do metro), não permanecem na
atmosfera por muito tempo." Como ainda não há tecnologia
para medir com precisão a quantidade de partículas de poeira
menores que um micrômetro, Pope criou um modelo de cálculo
baseado na distribuição de partículas grandes e pequenas em
erupções vulcânicas. O resultado mostrou que a quantidade de
poeira fina não foi grande o bastante.
Segundo o
geólogo, a região de Yucatan era rica em rochas que continham
enxofre em sua composição. Essas rochas foram vaporizadas pela
colisão, o que levou bilhões de toneladas de dióxido de
enxofre para a atmosfera, que se converteram em nuvens de ácido
sulfúrico. "Essas nuvens podem ter permanecido na
atmosfera por anos, e inicialmente poderiam ter sido grossas o
bastante para impedir a fotossíntese por pelo menos um
ano." A impossibilidade de se fazer fotossíntese causou
uma reação em cadeia: morreram as plantas, os animais herbívoros
e, em seguida, os carnívoros.
Se
confirmada, a pesquisa trará novos dados para se avaliar o que
poderia acontecer em caso de uma nova colisão. Para Pope, o
impacto de um asteróide de tamanho médio (entre um e dois quilômetros
de diâmetro) não causaria grandes mudanças em escala global.
Os efeitos no local da colisão, no entanto, seriam catastróficos:
"Mesmo se o asteróide atingisse o mar, o que é mais provável,
ondas gigantescas varreriam as regiões costeiras, matando milhões
de pessoas." |