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Notícia de 30 de março de 2003

Unicamp identifica metais pesados na água de chuva

Fonte - Estadão
Material particulado em suspensão é “lavado” da baixa atmosfera e contamina a água. Amostras foram coletadas nos pontos de captação de água de abastecimento, em Campinas, e analisadas no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, que permite identificar vários metais ao mesmo tempo e até espécies diferentes de um mesmo metal, com graus de toxicidade variado. Foram encontrados níquel, chumbo, cádmio e zinco, em alguns casos apresentando níveis acima dos padrões legais.

A água da chuva costuma ser considerada limpa, uma vez que foi naturalmente destilada no ciclo de evaporação e precipitação. Porém, uma análise mais atenta de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou, que essa água pode conter metais pesados, oriundos do material particulado em suspensão, “lavado” da atmosfera durante a ocorrência de chuvas, em regiões industrializadas ou urbanas.

A pesquisa, coordenada pela especialista em recursos hídricos Silvana Moreira Simabuco, da Engenharia Civil da Unicamp, teve início em 1998, com a avaliação de amostras de água de chuva fornecidas pela empresa distribuidora de água de Campinas (Sanasa), coletadas em 4 pontos do município: junto a 3 áreas de captação de água de abastecimento da cidade e num outro ponto de controle.

Também foram coletadas amostras de água natural (do rio, antes do tratamento) e água tratada. Parte dos dados foi trabalhada na tese de doutorado de Edson Matsumoto, orientada por Silvana, e colaboraram com a pesquisa cerca de 20 pesquisadores e estudantes, de pós-graduação e iniciação científica, com a contribuição de Edgar Oliveira de Jesus, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). Os recursos para financiamento ao trabalho vieram da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do programa de bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

As amostras foram analisadas quanto às suas características físico-químicas e apresentaram pH neutro, tendendo ligeiramente a ácido (entre 5 e 6), o que é o esperado para chuvas em regiões tropicais. Para a identificação dos metais pesados foi utilizado o processo de fluorescência de raio-X, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que permite detectar níveis muito baixos de poluentes (de partes por bilhão) e até diferenciar espécies de um mesmo metal pesado, como o cromo 3 ou cromo 6, que apresentam toxicidade diversa.

“Na água de chuva, encontramos níquel, chumbo e cromo, em alguns casos em níveis acima dos padrões estabelecidos pela regulamentação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama)”, conta Silvana. O zinco também apareceu, mas em níveis mais baixos. Na água natural dos rios, nos pontos de captação para abastecimento, foram identificados cádmio, níquel, chumbo e cromo. “Mas na água tratada não havia metais pesados, indicando que o processo de tratamento retira os contaminantes de modo eficiente”, completa a pesquisadora.

O estudo foi complementado por outra pesquisa, com amostras de material particulado em suspensão, coletadas durante mais de um ano em dois pontos de Campinas: um no Largo do Pará, no centro da cidade, e outro na Unicamp, que é cercada por áreas agrícolas e de baixa urbanização. “A surpresa foi constatar que os dois pontos não apresentavam composições muito diferentes, ambos tinham muitos poluentes de origem industrial e veicular”, observa Silvana Moreira. “A variação maior foi sazonal, entre verão e inverno”.

No verão, há mais dispersão de particulados de origem veicular, cujo porcentual é próximo de zero. O material é composto basicamente de metais originários do solo (77%) e industriais (18%). No inverno, com menos chuvas e a ocorrência de inversões térmicas, o particulado de origem veicular sobe para 22%, o industrial fica em 26% e a contribuição dos elementos naturais, do solo, é de 22%. Entre os metais identificados no material particulado, também através do processo de fluorescência de raio-X, estavam vanádio, chumbo, cobre, níquel (de origem industrial ou veicular), titânio, ferro, alumínio e silício (de origem natural, do solo).