Também foram coletadas amostras de água natural (do rio, antes do
tratamento) e água tratada. Parte dos dados foi trabalhada na
tese de doutorado de Edson Matsumoto, orientada por Silvana, e
colaboraram com a pesquisa cerca de 20 pesquisadores e
estudantes, de pós-graduação e iniciação científica, com a
contribuição de Edgar Oliveira de Jesus, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). Os recursos para
financiamento ao trabalho vieram da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do programa de
bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
As amostras foram analisadas quanto às suas características físico-químicas
e apresentaram pH neutro, tendendo ligeiramente a ácido (entre
5 e 6), o que é o esperado para chuvas em regiões tropicais.
Para a identificação dos metais pesados foi utilizado o
processo de fluorescência de raio-X, no Laboratório Nacional
de Luz Síncrotron (LNLS), que permite detectar níveis muito
baixos de poluentes (de partes por bilhão) e até diferenciar
espécies de um mesmo metal pesado, como o cromo 3 ou cromo 6,
que apresentam toxicidade diversa.
“Na água de chuva, encontramos níquel, chumbo e cromo, em alguns
casos em níveis acima dos padrões estabelecidos pela
regulamentação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama)”,
conta Silvana. O zinco também apareceu, mas em níveis mais
baixos. Na água natural dos rios, nos pontos de captação para
abastecimento, foram identificados cádmio, níquel, chumbo e
cromo. “Mas na água tratada não havia metais pesados,
indicando que o processo de tratamento retira os contaminantes
de modo eficiente”, completa a pesquisadora.
O estudo foi complementado por outra pesquisa, com amostras de material
particulado em suspensão, coletadas durante mais de um ano em
dois pontos de Campinas: um no Largo do Pará, no centro da
cidade, e outro na Unicamp, que é cercada por áreas agrícolas
e de baixa urbanização. “A surpresa foi constatar que os
dois pontos não apresentavam composições muito diferentes,
ambos tinham muitos poluentes de origem industrial e
veicular”, observa Silvana Moreira. “A variação maior foi
sazonal, entre verão e inverno”.
No verão, há mais dispersão de particulados de origem veicular, cujo
porcentual é próximo de zero. O material é composto
basicamente de metais originários do solo (77%) e industriais
(18%). No inverno, com menos chuvas e a ocorrência de inversões
térmicas, o particulado de origem veicular sobe para 22%, o
industrial fica em 26% e a contribuição dos elementos
naturais, do solo, é de 22%. Entre os metais identificados no
material particulado, também através do processo de fluorescência
de raio-X, estavam vanádio, chumbo, cobre, níquel (de origem
industrial ou veicular), titânio, ferro, alumínio e silício
(de origem natural, do solo). |