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Notícia de 28 de setembro de 2002

Cientistas criam átomos de antimatéria em grande quantidade

Fonte - Estadão

Os pesquisadores produziram 50.000 átomos de anti-hidrogênio, uma partícula espelhada do hidrogênio comum, só que com cargas trocadas (positivo no lugar de negativo, e vice-versa)

São Paulo - Cientistas de um grupo internacional do laboratório Cern, em Genebra, conseguiram pela primeira vez criar átomos de antimatéria em grande quantidade, em um experimento que permitirá testar conceitos básicos da física de partículas e sobre a composição do universo.

Os pesquisadores produziram 50.000 átomos de anti-hidrogênio, uma partícula espelhada do hidrogênio comum, só que com cargas trocadas (positivo no lugar de negativo, e vice-versa). As partículas existiram por apenas milésimos de segundo, mas tempo suficiente para que sejam feitas importantes medições sobre a estrutura e o comportamento da antimatéria, diz o físico brasileiro Cláudio Lenz César, um dos coordenadores da pesquisa, publicada on-line pela revista Nature.

A produção dos antiátomos de hidrogênio - elemento químico mais abundante e simples do universo - é o avanço mais importante até agora para a comprovação do teorema de CPT, parte fundamental do chamado Modelo Padrão da matéria e da energia. "O teorema diz que, se você inverter a carga, a paridade (espaço) e tempo de uma partícula, o que resultar é compatível com a física que a gente conhece. Ou seja, a física é invariante", disse César à Agência Estado.

Cearense bem-humorado e professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele é um dos líderes do grupo Athena, formado por 39 pesquisadores de Brasil, Itália, Suíça, Dinamarca, Grã-Bretanha e Japão, dedicado ao estudo da antimatéria no Cern (sigla da Organização Européia para Pesquisas Nucleares).

O brasileiro Alessandro Variola também participa do trabalho pelo Instituto Nacional de Física Nuclear da Universidade de Gênova. O objetivo a longo prazo, segundo César, é comparar átomos de anti-hidrogênio e hidrogênio. Os físicos querem saber se eles têm níveis de energia iguais (como prevê o teorema de CPT) e se comportam da mesma maneira sob ação da gravidade (como prevê Einstein). "Se um desses conceitos falhar, será uma mudança profunda da física."

O estudo poderá ajudar também a explicar porque existe muito mais matéria do que antimatéria no universo, sendo que, teoricamente, o big-bang deveria ter produzido quantidades idênticas das duas. Quando matéria e antimatéria se encontram, as duas se desfazem em uma explosão de radiação eletromagnética.

Experimentos passados realizados no Cern e no Fernilab, em Chicago, produziram apenas oito e 100 átomos de anti-hidrogênio. As partículas formaram e se destruíram em nanosegundos, impossibilitando qualquer medição. "O grande avanço do experimento não está no número de átomos, mas na maneira como foram produzidos", explica César.

Os pesquisadores produziram antiprótons e antielétrons (ou pósitrons) - partículas com cargas opostas às "originais" - separadamente e depois juntaram os dois em um único compartimento, criando o anti-hidrogênio. Esse primeiro experimento serviu apenas para testar o processo de produção da antimatéria.

O próximo passo é construir uma "armadilha magnética" para aprisionar os átomos e permitir medições de energia por meio de lasers. É o que César está construindo na UFRJ, para átomos de hidrogênio, mas ainda falta R$ 1,5 milhão para concluir o projeto.

Herton Escobar