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Notícia de 14 de setembro de 2002

Despejo de lixo químico faz do pólo industrial da Baixada Fluminense um campo minado prestes a explodir

Fonte - Isto É

Uma ameaça silenciosa e na maior parte das vezes invisível, o lixo tóxico lançado pelas chaminés e pelos dutos das empresas permanece um dilema ambiental insolúvel. Na semana passada, enquanto delegações do mundo todo debatiam o futuro do planeta em Johannesburgo, o governo da Índia tentava amenizar a culpa da fabricante de agrotóxicos Union Carbide, que há 18 anos protagonizou o maior acidente químico da história, deixando um rastro de três mil mortos entre os 90 mil habitantes da cidade indiana de Bhopal. Se dependesse do governo da Índia, em vez de homicídio, a empresa americana responderia apenas pela acusação de negligência. Diante da gritaria dos manifestantes e do coro dos ambientalistas, a Justiça rejeitou a manobra indiana, mas deixou à mostra a dificuldade hercúlea em punir os culpados pelas contaminações químicas.

No Brasil, um verdadeiro barril de pólvora está aceso 24 horas por dia dentro de um dos maiores complexos urbanos do País, o Pólo Industrial da Baixada Fluminense, no quintal do Rio de Janeiro. Num emaranhado de 200 fábricas erguidas em torno das cidades de Duque de Caxias, Belford Roxo, 
São João do Meriti e Queimados, diariamente são despejadas toneladas de resíduos tóxicos por terra, mar e ar, expondo funcionários, moradores e o meio ambiente a um impacto sem precedentes.

O cardápio de agressões inclui contaminação por benzeno, chumbo, zinco e mercúrio, derramamento de óleo na Baía de Guanabara e de dejetos químicos em rios cujas águas desembocam nas torneiras da população fluminense. “O cenário é de adoecimento, incapacitação para o trabalho, morte lenta e gradual”, diagnostica o médico Ronaldo Costa, autor de uma tese que denuncia as instalações do pólo petroquímico erguido durante o regime militar. Para completar, o Ministério Público acaba de concluir uma investigação em que acusa a Petrobras de terceirizar áreas estratégicas da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), a cabeça do pólo, entregando sua segurança a operários despreparados. Como conseqüência, os acidentes de trabalho explodiram e, junto com eles, os problemas ambientais.

Em torno da refinaria instalada em Duque de Caxias, município com a segunda maior arrecadação de impostos do Estado do Rio e a oitava do País, nasceram desordenadamente indústrias químicas de grande porte, como a Petroflex e a Nitriflex, e dezenas de pequenas e médias fabricantes de resina, tinta, vela e parafina. A poluição crônica se soma a um risco agudo de acidentes numa área de dois mil quilômetros quadrados, forçando 2,9 milhões de pessoas a viver numa perpétua roleta-russa. “Um acidente grave pode explodir o Rio de Janeiro. E quem vive ali não tem idéia disso”, alerta Fátima Neto Ribeiro, coordenadora do programa de Saúde do Trabalhador na Secretaria de Saúde do Estado. “A Baixada é uma comporta aberta de poluição ambiental”, aponta o deputado estadual petista Carlos Minc, presidente da Comissão de Meio Ambiente, que denunciou 14 depósitos clandestinos de rejeito químico na região entre 1991 e 2001.