São João
do Meriti e Queimados, diariamente são despejadas toneladas de resíduos
tóxicos por terra, mar e ar, expondo funcionários, moradores e o meio
ambiente a um impacto sem precedentes.
O
cardápio de agressões inclui contaminação por benzeno, chumbo, zinco e
mercúrio, derramamento de óleo na Baía de Guanabara e de dejetos químicos
em rios cujas águas desembocam nas torneiras da população fluminense.
“O cenário é de adoecimento, incapacitação para o trabalho, morte
lenta e gradual”, diagnostica o médico Ronaldo Costa, autor de uma tese
que denuncia as instalações do pólo petroquímico erguido durante o
regime militar. Para completar, o Ministério Público acaba de concluir
uma investigação em que acusa a Petrobras de terceirizar áreas estratégicas
da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), a cabeça do pólo, entregando sua
segurança a operários despreparados. Como conseqüência, os acidentes de
trabalho explodiram e, junto com eles, os problemas ambientais.
Em
torno da refinaria instalada em Duque de Caxias, município com a segunda
maior arrecadação de impostos do Estado do Rio e a oitava do País,
nasceram desordenadamente indústrias químicas de grande porte, como a
Petroflex e a Nitriflex, e dezenas de pequenas e médias fabricantes de
resina, tinta, vela e parafina. A poluição crônica se soma a um risco
agudo de acidentes numa área de dois mil quilômetros quadrados, forçando
2,9 milhões de pessoas a viver numa perpétua roleta-russa. “Um
acidente grave pode explodir o Rio de Janeiro. E quem vive ali não tem idéia
disso”, alerta Fátima Neto Ribeiro, coordenadora do programa de Saúde
do Trabalhador na Secretaria de Saúde do Estado. “A Baixada é uma
comporta aberta de poluição ambiental”, aponta o deputado estadual
petista Carlos Minc, presidente da Comissão de Meio Ambiente, que
denunciou 14 depósitos clandestinos de rejeito químico na região entre
1991 e 2001.
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