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Notícia de 14 de setembro de 2002

Lodo de esgoto é transformado em fertilizante agrícola no PR
Produto, distribuído gratuitamente, melhora o solo e aumenta produtividade

Fonte - Gazeta do Povo - enviado por Andréa Ricardo - Curitiba - PR

Os pesquisadores do Programa Interdisciplinar de Pesquisa em Reciclagem Agrícola de Lodo estão estudando novas tecnologias para a transformação do lodo em fertilizante. No ano que vem, pretendem iniciar em Curitiba um projeto-piloto de higienização com o uso de biogás associado à energia solar, que permite obter um produto mais seco, cujo transporte será mais barato.

"O lodo atual, higienizado com cal, tem 83% de água. Usando biogás e energia solar, ficará com apenas 10% de água", explica Cleverson Andreoli. Segundo ele, além de baratear o transporte, esse produto não terá cheiro e ganhará potencial para possível comercialização no futuro.

Outra pesquisa em andamento é para a desintegração do lodo por meio de termohidrólise. Um dos objetivos é reduzir a produção de lodo. Também há estudos sobre o uso do lodo de esgoto na recuperação de áreas degradadas e na produção de flores.

As pesquisas sobre o assunto no Paraná começaram em 1988 e envolvem uma rede de 17 instituições governamentais e privadas. O projeto já recebeu investimentos de US$ 2 milhões e três prêmios, entre eles o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, em 1998.

Milhares de toneladas de lodo de esgoto que ficavam armazenadas ao redor de estações de tratamento no Paraná, sem utilidade, estão sendo transformadas em fertilizante agrícola, distribuído gratuitamente para pequenos produtores rurais
O programa, liderado pela Sanepar, funciona em Curitiba e Foz do Iguaçu, reciclando cerca de um terço do lodo produzido no estado. A previsão é de que, a partir do ano que vem, com a extensão para outros municípios, metade do lodo gerado no Paraná seja transformado em insumo agrícola.

O lodo é um resíduo poluente resultante do processo de tratamento de esgoto. Ele é formado pelos microrganismos que se alimentam da matéria orgânica (fezes) do esgoto. Dependendo do processo adotado, o lodo representa de 1% a 2% do volume do esgoto tratado. A gestão desse resíduo, porém, é considerada a parte mais difícil e onerosa da operação de uma estação de tratamento de esgoto. Pode representar de 20% a 60% do custo operacional de uma estação, segundo o coordenador do Programa Interdisciplinar de Pesquisa em Reciclagem Agrícola de Lodo, Cleverson Andreoli.

No Brasil, a destinação adequada do lodo de esgoto ainda é um problema. O resíduo costuma ficar armazenado em lagoas de secagem ao redor das estações de tratamento, muitas vezes em condições precárias. Isso quando não é distribuído sem higienização para produtores agrícolas ou mesmo lançado em rios.

O Paraná decidiu adotar uma solução que, de acordo com Andreoli, já é largamente utilizada em países desenvolvidos. "Nos Estados Unidos, 55,5% do lodo vão para uso agrícola e na Europa, 40%", afirma. De acordo com ele, o insumo agrícola resultante do lodo melhora as condições físicas, químicas e biológicas dos solos, gera economia para o produtor e melhora a produtividade.

"O lodo é rico em nitrogênio e fósforo e por isso reduz o uso de fertilizantes. Fica faltando apenas a complementação com potássio", explica Andreoli. O engenheiro agrônomo Benno Henrique Doedzer, gerente adjunto da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) na região metropolitana de Curitiba, dá um exemplo: em cada hectare plantado com milho, é preciso aplicar de cinco a seis sacos de uréia. Com o uso do lodo, só nesse item o produtor economiza até R$ 150 por hectare. Também deixa de gastar em torno de R$ 200 por hectare com calcário.

Estudos feito entre 1994 e 1997 mostraram que o aumento de produtividade nas áreas tratadas com lodo alcançou média de até 54%. O produtor Vanderlei Fior, de Campo Largo, na região metropolitana, aplicou o fertilizante à base de lodo em 9,6 hectares. "De uma produção de 80 sacos por hectare, passei para 140", diz.

Além de Fior, outros 64 pequenos produtores da região receberam o produto nos últimos três anos, num total de 40 mil toneladas. A produção na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Belém é de mil toneladas por mês, o que representa quase um terço do lodo do estado. Segundo Doedzer, a área total tratada com lodo é de 800 hectares. O agrônomo diz que mesmo em propriedades mais tecnificadas há ganho de produtividade, embora menor, na faixa de 20%. "Além de fornecer nutrientes, o lodo é um excelente condicionante do solo, tornando-o mais preparado para situações adversas, como a seca", afirma.