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Notícia de 30 de agosto de 2002

Líquido extraído da castanha de caju pode ser utilizado na indústria automobilística

Fonte - Ciência Hoje

Boa notícia para os cajueiros do Nordeste: a castanha de caju, até hoje conhecida apenas pelo sabor, pode servir como matéria-prima para a indústria automobilística. Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) constataram que o líquido extraído da pele da castanha pode ser utilizado como antioxidante a ser adicionado a combustíveis e lubrificantes. A produção desse novo aditivo beneficiaria diretamente a agroindústria do caju no nordeste, que envolve mais de 200 mil trabalhadores.

Os antioxidantes são aditivos utilizados pelas refinarias nos combustíveis para evitar a oxidação, reação que resulta numa resulta numa goma que entope o filtro e causa depósito nas velas, o que diminui a vida útil do carro. Também são adicionados aos lubrificantes, para aumentar sua durabilidade, manter suas propriedades e garantir o bom funcionamento do motor. Atualmente, esses aditivos são desenvolvidos a partir de derivados do petróleo. "A utilização do líquido da castanha de caju só traria vantagens, pois se trata de uma matéria-prima local, renovável, biodegradável e abundante", ressalta José Osvaldo Carioca, professor da UFC e coordenador do projeto.  

O líquido da castanha de caju (LCC) vem sendo estudado há alguns anos. Atualmente ele é exportado por um preço ínfimo. Fora do Brasil, o LCC hidrogenado é utilizado principalmente como antioxidante de borracha. A descoberta de semelhanças entre a molécula do LCC e a de compostos fenólicos -- matéria-prima mais comum dos antioxidantes para combustíveis e lubrificantes -- foi a base da pesquisa para sua utilização também como essa forma de antioxidante.

O projeto de transformação do LCC em antioxidante teve recentemente concluída sua primeira fase. Nessa etapa, é extraído o óleo da casca da castanha, para que este seja destilado e, em seguida, sofra as reações necessárias para transformá-lo em antioxidante. Esse processo é realizado no Parque de Desenvolvimento Tecnológico do Estado do Ceará. O produto resultante está sendo analisado e tem obtido resultados satisfatórios. Numa segunda fase, prevê-se que o antioxidante seja produzido industrialmente e que o programa seja ampliado para novos aditivos. O projeto é desenvolvido com apoio da Finep e tem financiamento do CT-Petro e da Petrobras. 

Atualmente o Brasil gasta cerca de 20 milhões de dólares por ano com a importação de antioxidantes. A produção nacional desses aditivos seria uma forma de substituir essas importações. Além disso, a exportação de um produto elaborado a partir do LCC, e não mais do líquido bruto, poderia aumentar aproximadamente 16 vezes o valor obtido com a exportação para o mercado internacional.