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Notícia de 13 de agosto de 2002

Casca de arroz pode gerar sílica para indústria.

Fonte - Estadão
Nova tecnologia aproveita totalmente a casca do arroz, gerando adubo, energia e sílica. O processo, desenvolvido pelo Instituto de Física de São Carlos, dá uma destinação ambientalmente correta a um rejeito problemático para o produtor

São Paulo - Uma tecnologia desenvolvida no Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), permite extrair a sílica da casca de arroz e dar uma destinação ambientalmente correta a um rejeito problemático para o produtor, com a vantagem adicional de gerar renda. "A casca corresponde a 20% do peso do arroz e contêm bastante sílica (cerca de 20%), o que impede seu uso como adubo", explica o físico Milton Ferreira de Souza, coordenador do projeto, no laboratório de Ciência dos Materiais do Instituto.

Normalmente extraída da areia, a sílica tem muitas utilidades industriais, como na fabricação de pasta de dente, sabonete e pneus. Na casca do arroz, porém, dificulta a biodegradação do resíduo e, quando isso acontece, dá origem a um solo arenoso e com pouca produtividade.

Assim, o material é normalmente queimado pelos beneficiadores de arroz nos engenhos, para aquecer os armazéns, dando origem a um pó preto, devido à presença da sílica na forma cristalina. Esse pó é tóxico e pode causar silicose (doença que faz o pulmão perder elasticidade) se for aspirado.

Segundo o professor Souza, uma amostra desse resíduo foi enviada ao Instituto de Física por produtores do Rio Grande do Sul - Estado responsável por metade das 10 milhões de toneladas de arroz produzidas no país anualmente -, para que estudassem uma forma de tratamento do rejeito. "Pesquisando o material, tivemos a idéia de, ao invés de tratar o pó, tratar a casca de arroz para não gerá-lo", conta.

O processo, desenvolvido com financiamento de R$ 20 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), está sendo patenteado e consiste em aquecer a casca com ácido, para que os sais sejam retirados. "Até vinagre pode ser utilizado", diz Souza. Depois disso, a casca pode ser queimada, gerando uma sílica branca e pronta para ser usada na indústria.

Testada em laboratório com ótimos resultados, a tecnologia será aplicada, agora, em uma planta piloto, que está sendo construída no município de Santa Rosa, em plena região arrozera gaúcha. "Essa planta é uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e conta com recursos de 200 mil euros da União Européia", explica o coordenador do projeto.

O objetivo é testar um sistema completo, onde os sais que saem na lavagem virem adubo, a queima gere eletricidade e a sobra - que é a sílica - seja vendida à indústria.