Casca
de arroz pode gerar sílica para indústria.
Fonte - Estadão
Nova tecnologia aproveita
totalmente a casca do arroz, gerando adubo, energia e sílica. O processo,
desenvolvido pelo Instituto de Física de São Carlos, dá uma destinação
ambientalmente correta a um rejeito problemático para o produtor
São Paulo
- Uma tecnologia desenvolvida no Instituto de Física de São Carlos, da
Universidade de São Paulo (USP), permite extrair a sílica da casca de
arroz e dar uma destinação ambientalmente correta a um rejeito problemático
para o produtor, com a vantagem adicional de gerar renda. "A casca
corresponde a 20% do peso do arroz e contêm bastante sílica (cerca de
20%), o que impede seu uso como adubo", explica o físico Milton
Ferreira de Souza, coordenador do projeto, no laboratório de Ciência dos
Materiais do Instituto.
Normalmente
extraída da areia, a sílica tem muitas utilidades industriais, como na
fabricação de pasta de dente, sabonete e pneus. Na casca do arroz, porém,
dificulta a biodegradação do resíduo e, quando isso acontece, dá
origem a um solo arenoso e com pouca produtividade.
Assim, o
material é normalmente queimado pelos beneficiadores de arroz nos
engenhos, para aquecer os armazéns, dando origem a um pó preto, devido
à presença da sílica na forma cristalina. Esse pó é tóxico e pode
causar silicose (doença que faz o pulmão perder elasticidade) se for
aspirado.
Segundo o
professor Souza, uma amostra desse resíduo foi enviada ao Instituto de Física
por produtores do Rio Grande do Sul - Estado responsável por metade das
10 milhões de toneladas de arroz produzidas no país anualmente -, para
que estudassem uma forma de tratamento do rejeito. "Pesquisando o
material, tivemos a idéia de, ao invés de tratar o pó, tratar a casca
de arroz para não gerá-lo", conta.
O processo,
desenvolvido com financiamento de R$ 20 mil da Fundação de Amparo à
Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), está sendo patenteado e
consiste em aquecer a casca com ácido, para que os sais sejam retirados.
"Até vinagre pode ser utilizado", diz Souza. Depois disso, a
casca pode ser queimada, gerando uma sílica branca e pronta para ser
usada na indústria.
Testada em
laboratório com ótimos resultados, a tecnologia será aplicada, agora,
em uma planta piloto, que está sendo construída no município de Santa
Rosa, em plena região arrozera gaúcha. "Essa planta é uma parceria
com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e conta com
recursos de 200 mil euros da União Européia", explica o coordenador
do projeto.
O objetivo
é testar um sistema completo, onde os sais que saem na lavagem virem
adubo, a queima gere eletricidade e a sobra - que é a sílica - seja
vendida à indústria.
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