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Notícia de 24 de agosto de 2001

A contaminação ambiental e os riscos para saúde

Fonte - Terra

Neste fim de semana, nós vamos falar de um tema que vem ganhando repercussão e assustando muita gente: a contaminação ambiental. Primeiro foi um condomínio em Mauá, São Paulo, construído sobre um depósito de resíduos repleto de substâncias tóxicas e até cancerígenas. Agora um relatório aponta a contaminação de pelo menos 150 pessoas em Paulínia, também em São Paulo. Dezoito delas apresentam tumores no fígado e na tireóide. Todas teriam sido contaminadas por substâncias usadas na fabricação de pesticidas. Para falar sobre o problema da contaminação ambiental e os riscos para a saúde da população, o Jornal da Lilian promoveu um chat com Anthony Wong, pediatra e diretor do Centro de Assistência de Toxicologia, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, e Ernesto Moeri, geólogo e presidente da CSD-Geoklock, contratada para descontaminar a região de Mauá.

Durante o programa, Wong disse que a intenção não é criar pânico na população, mas é necessário ter muita cautela, porque há substâncias perigosas nessa área as mulheres grávidas, as crianças e os idosos são os mais vulneráveis. “Eles estão morando em cima de uma bomba relógio”, se não explodiu vai explodir”, contou o médico. Segundo ele não é possível saber quando o benzeno, que é cancerígeno, vai aflorar. Os gases tendem a subir ou a descer. E há os bolsões de gases que tendem a procurar saídas. E há também entre os gases tóxicos o clorobenzeno que afeta o rim e o fígado. Fez, ainda, um outro alerta as pessoas não sentem o cheiro, porque a concentração de gases é pequena, mas sem saber a população respira os gases tóxicos.

Análise do terreno

Ernesto Moeri disse que a sua equipe está trabalhando no local desde abril de 2000 e detectou os gases e verificou que em seis pontos há concentração de 5.4 de miligramas de benzeno, que é acima do razoável. Esses gases estão numa profundidade de um a seis metros no subsolo e “não é um local propício para a moradia. São valores críticos, mas não dramáticos”, disse Moeri.

O risco do benzeno

Wong discorda dos números. Para ele o benzeno é prejudicial, porque 5.4 miligramas correspondem a 1.67 de PPM (partícula por milhão) e o aceitável é 0.81 PPM para quem trabalha em uma área com a substância por cerca de oito horas, mas interrompe a exposição ao benzeno volta para casa, em um período de seis meses. O médico lembra que as pessoas passam boa parte do tempo em casa, principalmente, as crianças que ainda estão em formação. Ele contou que há oito anos foi comprovado por institutos americanos que 14% das pessoas expostas a 10 PPM de benzeno ficaram com leucemia e quando a concentração cai para 1 PPM o risco cai para 2% de casos de leucemia. Wong, também, disse que os ambientalistas estão lutando para que o índice ideal de exposição de benzeno seja de 0.1 PPM.

Medidor móvel

Moeri diz que o ideal seria índice zero de benzeno na atmosfera. Ele contou que os técnicos da empresa fizeram uma amostragem em 120 pontos na área do conjunto residencial de Mauá e detectaram os gases. Depois intensificaram as análises e concluíram que há 5.4 miligramas por metro cúbico no subsolo numa profundidade de um a seis metros e na superfície (uma área de 50 centímetros) a concentração é de 0.04 microgramas. Esses dados foram estimados por modelos matemáticos de dispersão em atmosfera. O geólogo contou que todos esses dados foram enviados e protocolados na CETESB em fevereiro de 2001. Ele contou que a partir de hoje um medidor móvel da empresa estará no local para detectar as substâncias. (No final do dia fomos informados que nessa sexta-feira dia 24/08 à tarde não foi encontrado benzeno na superfície em seis pontos de concentração de benzeno). Toda a medição deverá estar concluída em 45 dias. Ele tranqüilizou os moradores dizendo que os estudos estão à disposição da empresa que os contratou e das autoridades. Ele garantiu que no local ficará um medidor on line para verificar a qualidade do ar.

Vício pela substância

Wong respondendo a pergunta de um internauta disse que não há perigo de nenhum morador ficar viciado por causa das substâncias. Ele concluiu dizendo que é difícil “quantificar o problema com os dados concretos que temos até agora”. Wong explicou que a mistura de vários hidrocarbonetos aumenta a toxicidade. Ele lembra que entre as 44 substâncias encontradas há o Metil Etil Cetona (MEC) que junto com tolueno, xileno ou com benzeno aumenta em 100 ou 200 vezes a toxicidade do produto em relação a lesão neurológica.