A contaminação
ambiental e os riscos para saúde
Fonte - Terra
Neste
fim de semana, nós vamos falar de um tema que vem ganhando repercussão e
assustando muita gente: a contaminação ambiental. Primeiro foi um condomínio
em Mauá, São Paulo, construído sobre um depósito de resíduos repleto de
substâncias tóxicas e até cancerígenas. Agora um relatório aponta a
contaminação de pelo menos 150 pessoas em Paulínia, também em São Paulo.
Dezoito delas apresentam tumores no fígado e na tireóide. Todas teriam sido
contaminadas por substâncias usadas na fabricação de pesticidas. Para falar
sobre o problema da contaminação ambiental e os riscos para a saúde da
população, o Jornal da Lilian promoveu um chat com Anthony Wong, pediatra e
diretor do Centro de Assistência de Toxicologia, do Hospital das Clínicas da
Universidade de São Paulo, e Ernesto Moeri, geólogo e presidente da
CSD-Geoklock, contratada para descontaminar a região de Mauá.
Durante o programa, Wong disse que a intenção não é criar pânico na
população, mas é necessário ter muita cautela, porque há substâncias
perigosas nessa área as mulheres grávidas, as crianças e os idosos são os
mais vulneráveis. “Eles estão morando em cima de uma bomba relógio”, se
não explodiu vai explodir”, contou o médico. Segundo ele não é possível
saber quando o benzeno, que é cancerígeno, vai aflorar. Os gases tendem a
subir ou a descer. E há os bolsões de gases que tendem a procurar saídas. E
há também entre os gases tóxicos o clorobenzeno que afeta o rim e o fígado.
Fez, ainda, um outro alerta as pessoas não sentem o cheiro, porque a
concentração de gases é pequena, mas sem saber a população respira os gases
tóxicos.
Análise do terreno
Ernesto Moeri disse que a sua equipe está trabalhando no local desde abril de
2000 e detectou os gases e verificou que em seis pontos há concentração de
5.4 de miligramas de benzeno, que é acima do razoável. Esses gases estão numa
profundidade de um a seis metros no subsolo e “não é um local propício para
a moradia. São valores críticos, mas não dramáticos”, disse Moeri.
O risco do benzeno
Wong discorda dos números. Para ele o benzeno é prejudicial, porque 5.4
miligramas correspondem a 1.67 de PPM (partícula por milhão) e o aceitável é
0.81 PPM para quem trabalha em uma área com a substância por cerca de oito
horas, mas interrompe a exposição ao benzeno volta para casa, em um período
de seis meses. O médico lembra que as pessoas passam boa parte do tempo em
casa, principalmente, as crianças que ainda estão em formação. Ele contou
que há oito anos foi comprovado por institutos americanos que 14% das pessoas
expostas a 10 PPM de benzeno ficaram com leucemia e quando a concentração cai
para 1 PPM o risco cai para 2% de casos de leucemia. Wong, também, disse que os
ambientalistas estão lutando para que o índice ideal de exposição de benzeno
seja de 0.1 PPM.
Medidor móvel
Moeri diz que o ideal seria índice zero de benzeno na atmosfera. Ele
contou que os técnicos da empresa fizeram uma amostragem em 120 pontos na
área do conjunto residencial de Mauá e detectaram os gases. Depois
intensificaram as análises e concluíram que há 5.4 miligramas por metro
cúbico no subsolo numa profundidade de um a seis metros e na superfície
(uma área de 50 centímetros) a concentração é de 0.04 microgramas.
Esses dados foram estimados por modelos matemáticos de dispersão em
atmosfera. O geólogo contou que todos esses dados foram enviados e
protocolados na CETESB em fevereiro de 2001. Ele contou que a partir de
hoje um medidor móvel da empresa estará no local para detectar as
substâncias. (No final do dia fomos informados que nessa sexta-feira dia
24/08 à tarde não foi encontrado benzeno na superfície em seis pontos
de concentração de benzeno). Toda a medição deverá estar concluída
em 45 dias. Ele tranqüilizou os moradores dizendo que os estudos estão
à disposição da empresa que os contratou e das autoridades. Ele
garantiu que no local ficará um medidor on line para verificar a
qualidade do ar.
Vício pela substância
Wong respondendo a pergunta de um internauta disse que não há perigo de
nenhum morador ficar viciado por causa das substâncias. Ele concluiu dizendo
que é difícil “quantificar o problema com os dados concretos que temos
até agora”. Wong explicou que a mistura de vários hidrocarbonetos aumenta
a toxicidade. Ele lembra que entre as 44 substâncias encontradas há o Metil
Etil Cetona (MEC) que junto com tolueno, xileno ou com benzeno aumenta em 100
ou 200 vezes a toxicidade do produto em relação a lesão neurológica.
|