Chumbo contamina moradores de
uma cidade do Paraná
Fonte - Globo.com
Foram
25 anos respirando o ar pesado dentro da mineradora. O metalúrgico
Olivaldo Fagundes ainda lembra dos sintomas da contaminação pelo chumbo:
"Cansaço físico, formigamento no corpo e cor pálida".
O
metal que intoxicou o pai agora prejudica a saúde do filho. No sangue de
Antônio, o índice de chumbo é três vezes maior do que o limite
considerado tolerável pela Organização Mundial de Saúde.
A
mineradora está fechada há quatro anos, as instalações abandonadas.
Tudo o que sobrava do processo de fundição era trazido para uma área a
um quilômetro da empresa. Com o tempo, o material formou uma montanha de
resíduos a céu aberto, que ainda está contaminando os moradores de
Adrianópolis.
No
terreno à beira da estrada não há segurança. As partículas se
espalham pelas áreas vizinhas e, quando chove, chegam até o Rio Ribeira
na divisa com São Paulo. Exames já revelaram que nesse trecho o rio está
poluído pelo chumbo.
As
crianças são as mais expostas ao perigo. "Nadando no rio, comendo
frutas que são plantadas na região da empresa, brincando nos resíduos",
diz a nutricionista Paula Rodrigues.
Crianças
entre dois e 12 anos que moram em bairros próximos à mineradora fizeram
exames de sangue - 70% delas estão contaminadas. E fazem tratamento a
base de ferro e vitamina C.
"Hoje
é anemia, mas mais para o futuro terão baixo crescimento,
comprometimento no aprendizado, problema com artrite e artrose",
avisa a pesquisadora da USP, Miriam de Souza.
A
medicação é a esperança da mãe de Roberto, que aos quatro anos de
idade ainda tem quase o mesmo tamanho da irmã de dois anos.
A
prefeitura de Adrianópolis informou que soube da contaminação pelos
pesquisadores da Universidade de São Paulo. O dono dos resíduos disse
que vai retirar o material no mês que vem. |