Terremoto
acirra discussão sobre segurança nuclear
Abalo na Índia
reabre debates sobre riscos de vazamentos radioativos, pois 20% das
usinas nucleares do mundo estão em áreas de atividade sísmica.
Fonte - www.estadao.com.br
O terremoto, que abalou a
Índia no último dia 26 de janeiro, reacendeu a polêmica sobre
segurança de usinas e depósitos nucleares e será o tema principal de
um seminário a ser realizado na Austrália, neste final de semana, e um
encontro na Califórnia, EUA, durante a próxima semana.
Logo após o terremoto da
Índia, uma equipe de especialistas do Comitê Regulatório de Energia
Atômica (AERB) visitou as seis usinas nucleares mais próximas do
epicentro, na província de Gujarat para avaliar possíveis danos.
Segundo nota oficial do AERB, não foram encontradas rachaduras ou danos
nas estruturas das usinas. Mas a boa notícia não tranqüiliza
especialistas e ambientalistas.
Abalos sísmicos são
considerados a principal ameaça natural à integridade de usinas e
depósitos nucleares, 20% dos quais estão localizados em regiões de
significativa atividade sísmica. A ameaça de vazamento concretizou-se
em alguns casos, isolados, com vazamentos de radioatividade considerados
pequenos. Nos Estados Unidos, um vazamento desses ocorreu em 1980, no
Laboratório Nacional Lawrence Livermore, logo após um tremor.
O governo norte americano
realizou uma avaliação nacional dos riscos potenciais, em meados dos
anos 90, considerando a usina de enriquecimento de urânio de Paducah,
no Kentucky, uma das mais vulneráveis. A usina fica próxima da falha
Nova Madri, onde se originaram os terremotos mais devastadores do
meio-oeste americano, e já foi construída há muitos anos. Entidades
ambientalistas, pacifistas e associações de moradores vizinhos a
fábricas de armas atômica, formaram a Rede de Produção Militar, que
luta pelo fechamento definitivo das fábricas e tratamento dos
depósitos para torná-los mais seguros.
No Japão, país com a
melhor tecnologia anti-sismos aplicada a construções, também houve
uma exaustiva avaliação nacional, após o terremoto de Kobe, ocorrido
em janeiro de 1995. As duas usinas nucleares mais próximas do epicentro
nada sofreram, mas os programas de simulação desenvolvidos para sua
avaliação mostraram quão próximo elas estiveram de uma catástrofe.
Conforme as simulações, as usinas suportariam terremotos de até 7,75
pontos na escala Richter. O terremoto de Kobe foi de 7,2 pontos e o da
Índia, de 7,9 pontos.
Nos próximos dias, no
encontro da Austrália e da Califórnia, as atenções estarão voltadas
para a segurança das estruturas nucleares instaladas em países
tecnologicamente menos preparados para terremotos, como a própria
Índia, o Paquistão e os países do leste europeu. |