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Notícia de 17 de fevereiro de 2001

Terremoto acirra discussão sobre segurança nuclear

Abalo na Índia reabre debates sobre riscos de vazamentos radioativos, pois 20% das usinas nucleares do mundo estão em áreas de atividade sísmica.

Fonte - www.estadao.com.br

O terremoto, que abalou a Índia no último dia 26 de janeiro, reacendeu a polêmica sobre segurança de usinas e depósitos nucleares e será o tema principal de um seminário a ser realizado na Austrália, neste final de semana, e um encontro na Califórnia, EUA, durante a próxima semana.

Logo após o terremoto da Índia, uma equipe de especialistas do Comitê Regulatório de Energia Atômica (AERB) visitou as seis usinas nucleares mais próximas do epicentro, na província de Gujarat para avaliar possíveis danos. Segundo nota oficial do AERB, não foram encontradas rachaduras ou danos nas estruturas das usinas. Mas a boa notícia não tranqüiliza especialistas e ambientalistas.

Abalos sísmicos são considerados a principal ameaça natural à integridade de usinas e depósitos nucleares, 20% dos quais estão localizados em regiões de significativa atividade sísmica. A ameaça de vazamento concretizou-se em alguns casos, isolados, com vazamentos de radioatividade considerados pequenos. Nos Estados Unidos, um vazamento desses ocorreu em 1980, no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, logo após um tremor.

O governo norte americano realizou uma avaliação nacional dos riscos potenciais, em meados dos anos 90, considerando a usina de enriquecimento de urânio de Paducah, no Kentucky, uma das mais vulneráveis. A usina fica próxima da falha Nova Madri, onde se originaram os terremotos mais devastadores do meio-oeste americano, e já foi construída há muitos anos. Entidades ambientalistas, pacifistas e associações de moradores vizinhos a fábricas de armas atômica, formaram a Rede de Produção Militar, que luta pelo fechamento definitivo das fábricas e tratamento dos depósitos para torná-los mais seguros.

No Japão, país com a melhor tecnologia anti-sismos aplicada a construções, também houve uma exaustiva avaliação nacional, após o terremoto de Kobe, ocorrido em janeiro de 1995. As duas usinas nucleares mais próximas do epicentro nada sofreram, mas os programas de simulação desenvolvidos para sua avaliação mostraram quão próximo elas estiveram de uma catástrofe. Conforme as simulações, as usinas suportariam terremotos de até 7,75 pontos na escala Richter. O terremoto de Kobe foi de 7,2 pontos e o da Índia, de 7,9 pontos.

Nos próximos dias, no encontro da Austrália e da Califórnia, as atenções estarão voltadas para a segurança das estruturas nucleares instaladas em países tecnologicamente menos preparados para terremotos, como a própria Índia, o Paquistão e os países do leste europeu.