Estudo
mostra que cloro na água pode provocar câncer
Fonte - Terra
A coleta e análise de mais de 200 amostras durante 6 meses, numa
estação de tratamento de água de Juiz de Fora (MG) provou que a
cloração pode gerar resíduos cancerígenos, quando feita com produtos
de origem inorgânica. A pesquisa foi realizada por Jorge Antônio
Barros de Macêdo, especialista em ciência e tecnologia de alimentos da
Universidade Federal de Juiz de Fora, que também é diretor científico
da ortofarma, empresa de controle de qualidade da água, incubada na
universidade.
As amostras de água
coletadas por ele, em 1997, durante a elaboração de sua tese de
doutorado, continham trihalometanos ou THMs, resíduos considerados
cancerígenos. "De acordo com a literatura norte americana, depois
de consumir diariamente 2 litros água com THM, durante 40 anos, a
probabilidade de se contrair câncer de bexiga é de 70%. Após 60 anos,
é de 100%", adverte o pesquisador. Ele lançou um livro - Águas
& Águas - neste início de novembro, sobre este e outros problemas
relacionados à contaminação da água, na qual sugere a troca do
produto usado nas estações de tratamento e nas indústrias, para
eliminar os resíduos na água de consumo.
"Os THMs são
resultantes da reação química de hipoclorito de sódio, usado na pré
cloração, com ácidos húmicos e fúlvicos, derivados da
decomposição de matéria orgânica, proveniente das margens ou do
leito do curso d´água", explica Macêdo. Eles também foram
encontrados em estações de tratamento de água de São Paulo, em uma
pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo, USP, igualmente
referenciada no livro.
"Se trocarmos o
hipoclorito de sódio (de origem inorgânica) por di-cloro-isocianurato
de sódio (de origem orgânica) e o utilizarmos na fase pós cloração,
eliminamos a contaminação por THMs".
Existem outras soluções
com menos resíduos para o tratamento da água, como a luz ultravioleta
e a ozonização, mas o custo é muito mais alto e a ação residual bem
mais baixa. "A água tratada com a luz é boa na estação de
tratamento, mas não há como garantir que o efeito perdure até a água
chegar aos domicílios e a ozonização tem custos proibitivos",
comenta.
O uso do
di-cloro-isocianurato de sódio está previsto na portaria 150 da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, editada em 1999. Mas a
substituição dos sistemas de tratamento mais antigos - com o
hipoclorito e os resíduos THM - não é obrigatória.
|