Menos
água no espaço do que se esperava
Fonte - Ciência
Hoje
Um satélite da Agência
Espacial Norte-americana (Nasa) comprovou que algumas teorias dos astrônomos
sobre a química do espaço não correspondiam à realidade. O SWAS
(abreviatura para Satélite de Astronomia de Ondas Submilimétricas)
detectou que os níveis de vapor d'água e de oxigênio encontrados nas
nuvens de gás interestelares são bem menores do que se supunha. Nos
pontos mais frios dessas regiões, de temperatura poucos graus acima do
zero absoluto, foram encontradas apenas algumas moléculas de água para
cada bilhão de moléculas de hidrogênio (usada como referencial por
ser a mais abundante em nuvens desse tipo). O esperado era um valor não
menor que 3 por 10 milhões. As moléculas de oxigênio, que os
cientistas esperavam encontrar em uma proporção de 9 por 100 mil
(quase uma a cada 10 mil), foram achadas em quantidade irrelevante.
Segundo Ronald Snell, um
dos pesquisadores que analisaram os dados recolhidos pelo SWAS, várias
hipóteses surgiram na tentativa de explicar essa disparidade. "Uma
possibilidade é que grande parte do oxigênio esteja congelada em grãos
de poeira. Outra, que o elemento permaneça em sua forma atômica, sem
se agregar em moléculas", disse ele à CH on-line.
A descoberta esclarece
uma das muitas dúvidas dos astrônomos quanto às nuvens de gás
interestelares. Esses grandes aglomerados de grãos de poeira e moléculas
de oxigênio, hélio, hidrogênio, vapor d'água e monóxido de carbono
são verdadeiros 'berçários celestes', onde novas estrelas se formam.
Ironicamente, essas nuvens são compostas por material deixado por
estrelas mortas. "As estrelas surgem quando uma nuvem dessas entra
em colapso e começa a se condensar", explica Walter Maciel, do
Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo
(USP). "Quanto maior a densidade de uma nuvem, maior a chance de,
no futuro, originar uma estrela."
No entanto, um outro
fator descoberto pelo SWAS pode ser importante para explicar a origem de
estrelas. A concentração de vapor d'água nas regiões em que elas estão
sendo formadas é cerca de 10 mil vezes maior que se imaginava. Segundo
os pesquisadores, isso pode auxiliar o esfriamento e a condensação dos
gases da nuvem, eventualmente dando condições para a origem de
estrelas. Apesar de tantas descobertas, Ronald Snell adota um ar
comedido ao abordar o possível impacto que as medições do SWAS podem
ter: "É ainda muito cedo para saber o quanto nossas teorias podem
precisar ser modificadas."
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