Cientistas
criam ratos que comem mais sem engordar
Uma equipe científica britânica
conseguiu, pela primeira vez, "fabricar" ratos dotados de um
gene humano que lhes permite comer muito mais do que seus congêneres
normais, mas sem engordar.
Especialistas da Universidade britânica de Cambridge e do laboratório
SmithKline Beecham - que publicam seus trabalhos no último número da
revista científica Nature - enxertaram nesses ratos o gene humano UCP-3,
que pertence à família de proteínas "queimadoras de
gorduras".
"Se conseguirmos aumentar artificialmente a atividade desse gene no
homem, haverá um enfoque prometedor para o tratamento da obesidade",
assinalaram os cientistas.
Segundo estatísticas médicas recentes, 55% dos adultos norte-americanos,
ou seja, 97 milhões de pessoas, são gordos demais. Deles, 39 milhões
são definitivamente obesos. De quatro crianças e adolescentes, uma é
igualmente gorda demais. Este percentual duplicou nos últimos trinta
anos.
Na França, um recente estudo assinala que "uma criança em cada dez
é obesa aos 10 anos de idade".
A enfermidade da obesidade afetaria também na França 3,5 milhões de
adultos e o excesso de peso a cerca de 16 milhões.
Segundo os especialistas, o rápido aumento da obesidade na maioria dos
países tem atualmente as características de uma epidemia mundial.
Cientistas norte-americanos que trabalham para descobrir as causas desta
enfermidade moderna também "sugerem" no "International
Journal of Obesity" que a obesidade pode ser contraída como um
simples resfriado.
Por sua parte, o biólogo Christian Dani, diretor de pesquisas em Nice
(Sul da França) no laboratório de biologia de desenvolvimento dos
tecidos adiposos, explicou à AFP que "esquematicamente, os
britânicos demonstraram que um excesso de UCP-3 faz funcionar a máquina
encarregada da degradação das reservas nutritivas".
"A nível de alimentação equivalente, mais UCP-3 no organismo
origina um maior gasto de energia, o que se traduz não em uma
superprodução da fonte energética necessária às células, mas em uma
produção em aumento do calor", assinalou Dani.
Inexplicavelmente, por enquanto, os ratos dopados com UCP-3 se mostram
muito mais gulosos do que seus camaradas naturais, mas, também
inexplicavelmente, continuam sendo mais magros. O UCP-3 se encontra
majoritariamente nos músculos do ser humano.
Sob o título de "A obesidade é contagiosa?", o dr. Nikhil
Dhurandar, da Universidade de Wisconsin (EUA), assinala em um artigo
progressos na ainda hipotética orígem virótica da obesidade.
O professor conseguiu, pela primeira vez, engordar galinhas injetando-lhes
um adenovírus humano. "É possível contudo que a obesidade é que
predisponha a uma infecção mais que a inversa", assinala o
cientista.
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