Cientistas dizem que Napoleão morreu envenenado
France Press - 04/05/2000
Napoleão morreu de intoxicação por
arsênico, agravada por uma overdose de laxante, concluíram cientistas que pesquisaram o
assunto, mas que deixaram para os historiadores a tarefa de decidir quem o matou.
A conclusão foi apresentada em
Paris nesta quinta-feira, 4, véspera do aniversário da morte do imperador, em um
seminário organizado pela Sociedade Napoleônica Internacional, presidida pelo professor
canadense Ben Weider. Os cientistas analisaram amostras do cabelo do imperador, os
arquivos médicos e o relatório da autópsia do corpo de Napoleão.
A tradição histórica dizia que
Napoleão havia morrido de câncer no estômago, em 5 de maio de 1821, mas testemunhas
assinalaram que ele estava gordo no momento de sua morte, o que não seria compatível com
o câncer de estômago. Além disso, a autópsia revelou apenas uma lesão, que seria uma
úlcera.
A hipótese de envenenamento foi
levantada há alguns anos, devido à presença de arsênico em mechas de cabelo do
imperador, conservadas após sua morte. A tese não foi imediatamente aceita porque o
arsênico poderia ter origem em algum produto utilizado para conservar as mechas de
cabelo. Mas os cientistas consideram hoje que a presença do arsênico é conseqüência
de ingestão e não de aplicação externa.
Outro argumento que respalda a tese
de intoxicação é o de que o corpo do imperador, exumado 20 anos depois da morte, estava
intacto ao ser aberto o caixão, enquanto sua roupa tinha sido parcialmente destruída
pelo mofo. O professor Maurice Guéniot, ex-presidente da Academia Francesa de Medicina,
diz que "dificilmente se pode imaginar que a conservação do corpo tenha sido
causada por outro motivo, que não uma intoxicação por arsênico".
O médico Ben Weider também
está convencido de que se tratou de envenenamento. Foi ele quem convidou o laboratório
de criminalística do FBI e o laboratório nuclear britânico de Harwell a participar das
pesquisas. Outras perícias, entre elas a do laboratório de toxicologia da prefeitura de
Paris, chegaram à mesma conclusão. Agora, cabe aos historiadores a tarefa de identificar
quem envenenou Napoleão. |